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O novo embaixador de Angola ao Santo Padre João Paulo II: o Governo de Angola elabora no momento um programa de emergência para ir em socorro daqueles que se encontram em situação de carência extrema


29 de Abril de 2002
SAUDAÇÃO AO SANTO PADRE FEITA PELO EMBAIXADOR DE ANGOLA ARMINDO FERNANDES DO ESPÍRITO SANTO VIEIRA

Santidade;
Em nome de Sua Excelência o Presidente da República, do Governo, do Povo de Angola e em meu nome próprio, quero neste momento expressar o nosso maior reconhecimento e apreço pelas encorajadoras e sempre sábias palavras endereçadas pelo Santo Padre.

Santidade;
Seja me permitido que em nome de Sua Excelência o Presidente da República, Eng. José Eduardo dos Santos, transmita os desejos de boa saúde pessoal, os melhores votos na condução da missão que é reservada ao Santo Padre no mundo, bem como os maiores êxitos a todo o colectivo do Vaticano.

Santo Padre;
Constitui para mim uma honra insigne ter sido recentemente nomeado Embaixador da República de Angola junto da Santa Sé, num momento histórico em que, após cerca de quatro sucessivas décadas conturbadas pela linguagem das armas por um lado, pela necessidade de assunção do nosso próprio destino e, por outro, pela existência de um conflito interno que dilacerou a Nação Angolana desde há alguns dias a esta parte começou a abrir se um novo caminho e uma nova vida para os angolanos: Uma nova vida que aspira o estabelecimento de uma cultura de Paz e de tolerância, de respeito pela diferença de opinião, em que todos sejam capazes de perdoar e em que todos trabalhem por uma Pátria unida e solidária, orientados pelos valores da democracia e respeito pelos Direitos do Homem.

Santidade;
Foi sempre com atenção especial que o Governo Angolano registou com apreço os apelos do Santo Padre para a pacificação dos espíritos em todo o Mundo, muito particularmente em Angola, onde desde há muito os sinais da Paz não se faziam sentir. Foram, com efeito, tempos de um passado ainda muito recente, onde herdámos sequelas provocadas por uma longa guerra de destruição. Hoje temos que sarar as feridas da dor e do sofrimento que abalaram famílias inteiras, temos que cuidar simultaneamente dos traumas causados pela guerra, da reconstrução física do País, através da reabilitação em todos os quadrantes das infra-estruturas perdidas durante o conflito bem como do aprimoramento do funcionamento das instituições democráticas.

Santo Padre;
O Governo de Angola elabora no momento um programa de emergência para ir em socorro daqueles que se encontram em situação de carência extrema, para apoiar a reintegração social e o reassentamento de milhões de deslocados, o enquadramento social dos milhares de soldados desmobilizados, o apoio aos antigos combatentes, o acolhimento de milhares de crianças órfãs de guerra, a reinserção dos mutilados e a promoção da desminagem dos campos de cultivo, estradas e caminhos.
Para além do esforço que vem sendo desenvolvido pela Comunidade Internacional na esfera da ajuda humanitária, o que merece o mais profundo reconhecimento do Governo e Povo de Angola, pensamos ser o momento para se promover a organização de uma Conferência de Doadores com o propósito de se mobilizarem recursos para implementação do referido programa para cuja concretização o Governo conta com a efectiva participação da Igreja Católica que espera coloque à disposição a sua experiência para se assegurar a transparência e a utilização racional dos bens disponíveis.

Santidade;
Permito me ainda sublinhar a importância das relações de amizade, de respeitabilidade e de cooperação existentes entre a República de Angola e a Santa Sé e, nesta conformidade, manifestar o desejo do Governo Angolano de as ver cada vez mais reforçadas. Deste modo, com base no princípio de uma maior colaboração entre o Estado e a Sociedade Civil, o Governo da República de Angola sentir se ia extremamente gratificado se o apoio sempre solidário da Igreja Católica viesse, nesta fase crucial, a incidir com maior ênfase nas tarefas da educação e da saúde, bem como na participação no processo de implantação de uma paz definitiva e de reconciliação entre todos os angolanos.

Santidade;
Como Embaixador da República de Angola junto da Santa Sé, gostaria ainda de manifestar ao Santo Padre todo o meu empenho em trabalhar para um maior reforço dos laços de amizade e das relações entre os nossos dois Estados, assim como contribuir nos propósitos que venham a desenvolver o grau de espiritualidade, de Paz efectiva, de progresso e desenvolvimento em Angola.

Muito obrigado, Santo Padre.







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