ELEIÇÕES: BISPOS DO RJ PUBLICAM ORIENTAÇÕES E CRITÉRIOS
Rio de Janeiro, 18 jul (RV) – Os bispos do Regional Leste 1 da CNBB (Estado
do Rio de Janeiro) divulgaram esta semana uma nota contendo orientações e critérios
para as eleições de outubro.
Segundo os bispos, o eleitor deve votar em candidatos
que defendam a dignidade da pessoa humana e a vida, a família, a liberdade de educação.
Lembram ainda os princípios da solidariedade e da subsidiariedade e o compromisso
com a cultura da paz.
Leia a íntegra da nota:
ORIENTAÇÕES E CRITÉRIOS
PARA AS PRÓXIMAS ELEIÇÕES
O Brasil está vivendo um momento peculiar – oportunidades
e dificuldades – na sua história. De um lado, por seu crescimento interno e pelo seu
destaque no cenário internacional, por outro pela continuidade de desigualdades sociais
perversas, e pela corrupção que corrói e abrange todas as estruturas e instituições,
prejudicando seriamente a credibilidade da classe política.
A Igreja, comprometida
com o bem comum e a defesa irrestrita da dignidade e dos direitos humanos, apóia as
iniciativas que contribuam para garanti-los a todos e denuncia distorções inaceitáveis
presentes em vários programas, que como veremos ferem os princípios que norteiam a
doutrina social cristã. O que está em jogo é uma visão da pessoa humana e da sociedade,
solidária com a dignidade de todos, a favor da vida e aberta ao transcendente.
Para
iluminar este processo eleitoral, a comunidade eclesial – que pela sua universalidade
não pode se identificar com interesses particulares, partidários ou de determinado
candidato/a – busca oferecer critérios de escolha e discernimento para as pessoas
de boa vontade e cidadãos responsáveis. Também deseja que sejam votados candidatos
coerentes com a defesa dos princípios éticos e cristãos.
Em consonância com
estes mesmos princípios apresentamos as seguintes orientações e critérios:
Antes
de tudo, é necessário “valorizar o voto” que decide a vida pública do nosso País e
dos nossos Estados nos próximos anos. O meu voto é precioso! Não se compra! Nele se
manifesta a minha liberdade e a minha decisão. Recentemente obtivemos a vitória do
projeto de lei denominado “Ficha Limpa” que por decisão do TSE se aplicará nestas
eleições. Cabe agora vigiar e cuidar para eliminar do pleito aqueles candidatos corruptos
que contaminam o cenário político e destroem a democracia.
1. O primeiro
critério para votar em um candidato é a defesa da dignidade da Pessoa Humana e da
Vida em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até o seu fim natural com
a morte. Rejeitamos veementemente toda forma de violência, bem como qualquer tipo
de aborto, de exploração e mercado de menores, de eutanásia e qualquer forma de manipulação
genética.
2. O segundo critério é a defesa da Família na qual a pessoa cresce
e se realiza. Por isso devem ser votados aqueles candidatos que incentivam, com propostas
concretas, o desenvolvimento da família segundo o plano de Deus. Opõem-se ao casamento
entre pessoas do mesmo sexo, à adoção de crianças por casais homoafetivos, à legalização
da prostituição, das drogas e ao tráfico de mulheres.
3. O terceiro critério
é a liberdade de Educação pela qual os pais têm o direito de educar os filhos segundo
a visão de vida que eles julguem mais adequada. Isso comporta uma luta pela qualidade
da escola pública e pela defesa da escola particular, defendendo o ensino religioso
confessional e plural, de acordo com o princípio constitucional da liberdade religiosa,
reconhecido também no recente Acordo entre Brasil e Santa Sé.
4. O quarto
critério é o princípio da solidariedade, segundo o qual o Estado e as famílias devem
ter uma particular atenção preferencial pelos pobres, àqueles que são excluídos e
marginalizados. Deve-se garantir uma cidadania plena para todos/as, assegurando o
pleno exercício dos direitos sociais: trabalho, moradia, saúde, educação e segurança.
5. O quinto critério é o princípio de subsidiariedade, ou seja, haja autonomia
e ação direta participativa dos grupos, associações e famílias fazendo o que podem
realizar, sem interferências ou intromissões do Estado. Este deve apoiar e subsidiar,
nunca abafar ou sufocar as liberdades e a criatividade das pessoas. Assim elas poderão
exercer uma cidadania ativa e gestora.
6. Enfim, diante de uma situação
de violência generalizada, os candidatos devem, de forma concreta e decidida, comprometer-se
na construção de uma Cultura da Paz em todos os níveis, particularmente na educação
e na defesa da infância e da adolescência.
Do ponto de vista prático nas paróquias
e em nossas associações e movimentos, se dê grande importância a este momento eleitoral
e se realizem debates sempre com vários candidatos de vários partidos, em vista da
realização do bem comum. Durante os eventos promovidos pela diocese ou pelas paróquias
nunca devem aparecer faixas, cartazes ou outro tipo de sinais que identifiquem e apóiem
os candidatos.
O trabalho político, ao qual todos somos chamados, cada um segundo
a sua maneira de ser, é uma forma de mostrar a incidência do Evangelho na vida concreta,
visando à construção de uma sociedade justa, fraterna e equitativa. Em conseqüência
haverá uma esperança real para tantas pessoas céticas, desnorteadas e confusas com
a política atual. É uma grande oportunidade que os católicos e todas as pessoas de
boa vontade não podem perder.
OS BISPOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, Regional
LESTE 1 da CNBB