Cidade do Vaticano, 18 jul (RV) - Comemorou-se ontem o sacrifício de 40 homens
em favor da fé católica. Trata-se do martírio dos jesuítas Inácio de Azevedo e seus
companheiros, jogados ao mar, na região das Ilhas Canárias, pelo pirata calvinista
Jacques Sourie.
Muitos se perguntarão o que existe de especial em uma
comemoração religiosa de pessoas que morreram há 440 anos e são desconhecidos, excetuando
nos países em que nasceram, até dentro do ambiente da própria Ordem a que pertenciam.
Exatamente
por isso é importante falar do Beato Inácio de Azevedo e seus Companheiros neste dia
em que costumamos escrever um editorial.
Costuma-se dizer que temos
memória curta e que nos esquecemos de efemérides outrora comemoradas com grandes
celebrações. Infelizmente a idéia de moda e a atração por novidades levam muitas pessoas
a se esquecerem de fatos importantes para a vida. Não se vai ao passado por saudosismo
ou por ufanismo, mas se vai ao passado para refletir o presente e projetar o futuro.
No
caso de Inácio de Azevedo e seus Companheiros, cognominados os Quarenta Mártires do
Brasil, é necessário uma ajuda especial àqueles que desconhecem a existência desses
religiosos e sua saga em prol da evangelização de nossa Pátria.
Inácio
de Azevedo, nomeado visitador do Brasil pelo Padre Geral Francisco de Borja, tinha
como um de seus ofícios, conseguir meios humanos e materiais para a missão na Terra
de Santa Cruz. Já conhecendo o país e suas necessidades, Inácio de Azevedo conseguiu
ajuda material em Lisboa, amplas faculdades pastorais dadas pelo Papa Pio V.
Visitando
casas e colégios da Companhia de Jesus, reuniu 73 jesuítas - sacerdotes, estudantes
e irmãos – vários mecânicos e conhecedores de outros serviços. Ao todo 100 pessoas.
Para
proteger esse grupo tão ilustre e generoso, Pe. Azevedo resolveu conduzi-lo para a
Quinta de Val de Rosal, fora de Lisboa. Assim, ao mesmo tempo que o prepararia física
e espiritualmente para a missão, o preservaria do contato com a peste que grassava
na capital do reino. Foram 5 meses de preparação intensa.
Dia 5 de
junho de 1570, as três naus com os jesuítas deixaram o Tejo rumo à Ilha da Madeira
e, de lá, ao Novo Mundo.
Apesar do empenho de Inácio de Azevedo para
que tudo corresse bem, os mercadores da nau São Tiago, onde viajavam Azevedo e 39
companheiros, pretenderam passar pelas Canárias, apesar da relutância do Governador
do Brasil, Luís de Vasconcelos, que viajava na esquadra, e em um barco de guerra,
preferiu permanecer na Madeira aguardando ventos favoráveis.
Contudo,
antes de dar prosseguimento a ida às Canárias, pressentindo o perigo de tal mudança
em região de corsários huguenotes, Pe. Azevedo fez questão de alertar os que estavam
com ele, sobre a possibilidade de martírio. Ele queria voluntários da morte por Cristo
e não forçados. Os poucos que hesitaram foram substituídos por outros jesuítas que
estavam em outras naus.
Quando navegavam da Ilha Tazzacorte para a
Ilha La Palma, surgiu a frota dos piratas.
Durante o assalto e já ferido, Inácio
pronunciou a seguinte frase: “ Não choreis, filhos. Não chegaremos ao Brasil, mas
fundaremos hoje, um colégio no céu.”
Humanamente foi uma catástrofe
para a evangelização do Brasil, mas na fé, só poderemos reverenciar Deus todo Poderoso
que escreve certo em linhas tortas e não pensa como homem.
Tendo sido
beatificados pelo Papa Pio IX em 1854, aguardam, desde então, a ocasião de intercederem
a Deus por um milagre, o que fará com que a Igreja os coloque no rol dos santos. Para
isso, deveremos pedir suas intercessões quando nós ou alguma pessoa querida necessitar
de algum milagre.
Trabalhando nesse sentido está o Pe. João Caniço,
Vice-Postulador da Causa dos Mártires do Brasil. Esse padre jesuíta é português e,
de Lisboa, divulga a devoção aos nossos primeiros mártires. Apesar de não terem chegado
aqui como José de Anchieta e outros missionários, são nossos porque fizeram a opção
de vir , viver e morrer no Brasil e deram suas vidas por causa de nossa evangelização,
quando estavam a caminho.
Beatos Inácio de Azevedo e Companheiros,
Mártires do Brasil, rogai pelo nosso Brasil, por seu povo, para que seja cada vez
mais abençoado com a paz, com a fraternidade e vivência ética.