FUNDAMENTALISMO E LEIS ANTICONVERSÃO SÃO CONTRÁRIOS À LIBERDADE RELIGIOSA
Mumbay, 14 jul (RV) – "A liberdade religiosa é o único e verdadeiro caminho
para a paz. É um tema muito importante para a Índia e para o mundo inteiro. É uma
reflexão decisiva no mundo de hoje e na defesa dos direitos fundamentais do homem":
com essas palavras, o cardeal-arcebispo de Mumbay (ex-Bombaim), Índia, Oswald Gracias,
presidente da Conferência Episcopal da Índia, comenta – para a agência missionária
de notícias FIDES _ o tema escolhido por Bento XVI para a celebração do 44º Dia Mundial
da Paz, em 1º de janeiro de 2011: "Liberdade religiosa, caminho para a paz".
Na
entrevista à FIDES, o cardeal se detém sobre o tema, no contexto indiano, abordando
duas questões muito delicadas que agitam a sociedade local: o fundamentalismo religioso
de matriz hinduísta e a questão das leis anticonversão, que vigoram em diversas estados
da federação.
"Na Índia, num contexto multirreligioso e multicultural – disse
o Cardeal Gracias – há grupos que interpretam mal a religião, instrumentalizando-a
para outros fins e fazendo-a tornar-se motivo de conflitos ou de desordens e de quebra
da harmonia na sociedade. Como Igreja Católica, buscamos tecer boas relações com todos
e entabular um diálogo, no respeito à liberdade: esse é um caminho eficaz para a paz,
bem supremo. Desse modo, como cristãos, damos a nossa contribuição para a construção
da família humana" – concluiu o purpurado indiano.
O tema escolhido pelo Santo
Padre faz referência também à suprema liberdade de consciência de cada homem e, nesse
contexto, à liberdade de conversão, que não pode ser coibida por ninguém.
"Respeitar
a liberdade religiosa – explicou ainda à FIDES o Cardeal Gracias _ significa que nenhum
governo e nenhuma autoridade civil tem o direito de interferir com a essência e com
a liberdade mais profunda, que é aquela do coração e da alma de um ser humano, dizendo-lhe
qual religião ele deve seguir ou como deve prestar culto a Deus. Frequentemente, eu
repito isso e continuarei a fazê-lo. Esse é um direito humano fundamental que, como
Igreja, defenderemos sempre. Ir contra esse direito significa ir contra a paz e fraternidade"
– sublinhou o cardeal-arcebispo de Mumbay, Oswald Gracias. (AF)