Jales, 13 jul (RV) - Terminou a copa do mundo Os campeões têm direito a festejar,
pela proeza de terem chegado vitoriosos ao final. Mas todos podemos ter motivos
de alegria, pelos valores positivos que apresentou esta copa do mundo, a primeira
a se realizar no continente africano. O mundo tem uma grande dívida com a África.
É muito provável que ela tenha sido o berço da humanidade. Já isto seria motivo
de olhar com respeito para a África. Mas nos séculos recentes, a África foi terrivelmente
explorada, sobretudo pelas nações européias, que dividiram entre si os territórios
africanos, para subjugá-los como colônias, postas a serviço dos interesses dos países
dominadores.
Ainda hoje a África paga o pesado preço de ter sido espoliada
pela Europa. As próprias fronteiras entre os atuais países africanos, impostas pelo
processo colonizador, muitas vezes não correspondem às divisas entre povos e culturas
diferentes. Este fato estimulou muitos atritos, que às vezes degeneraram em guerras
fratricidas. Tudo porque forçaram populações homogêneas a se separarem, obrigando-as
a conviveram com outras de culturas diferentes.
E assim daria para lembrar
tantas injustiças cometidas contra a África, da qual se procurou explorar a força
humana pela imposição da escravidão, e roubar suas riquezas, deixando para trás rastros
de pobreza e de miséria.
Neste sentido, valeu a realização da copa do mundo
na África do Sul, palco de descriminação racial por longo tempo, cujas consequências
ainda permanecem em grande parte.
Se houvesse um vencedor a ser designado pelos
objetivos de reparação de injustiças e de reconhecimento da dignidade dos contendores,
este vencedor seria, sem dúvida, o povo africano.
Independente do campeão,
quem merece nossa admiração e nosso apoio é o povo sofrido da África, que tem todo
o direito de definir sua vida e traçar o seu futuro. Levantemos a taça, como brinde
para o povo africano!