Havana, 12 jul (RV) - Os primeiros 12 presos políticos libertados no fim de
semana pelo governo cubano chegaram ontem a Havana, onde serão submetidos a exames
médicos e trâmites legais para deixar a ilha rumo à Espanha.
A embaixada espanhola
deve terminar hoje a emissão dos vistos de entrada para os dissidentes e para cerca
de uma centena de familiares que os acompanharão ao exílio.
O ‘Globo’ adianta
que os primeiros cubanos poderiam embarcar ainda nesta noite, num gesto visto como
uma tentativa do governo local de retomar relações econômicas com a União Europeia.
Os
parentes dos prisioneiros foram levados a uma unidade militar do Ministério do Interior,
no distrito de Valle Grande, na capital, para aguardar a viagem, mas, segundo fontes
cubanas, o reencontro familiar só será possível no avião.
Segundo Laura Pollán,
líder do movimento Damas de Branco — que reúne familiares de opositores políticos
presos em Cuba desde 2003 —, 26 dos 52 prisioneiros políticos anistiados já foram
informados e questionados sobre uma eventual viagem à Espanha.
Desse grupo,
20 teriam aceitado o exílio e outros seis manifestaram o desejo de permanecer na ilha.
A
rapidez do traslado de prisioneiros e familiares após a conclusão das negociações
— intermediadas pela Igreja Católica e pelo chanceler espanhol Miguel Ángel Moratinos
— para a soltura de 52 dos 75 dissidentes presos desde 2003 na chamada "Primavera
Negra" surpreendeu os cubanos.
Ainda segundo o ‘Globo’, a iminência de um colapso
econômico na ilha — que precisa importar 70% do que consome — faz o governo Castro
ter interesse imediato em restabelecer relações políticas e econômicas com a União
Europeia.
A libertação dos dissidentes seria uma prova de que o país está disposto
a repensar a questão dos direitos humanos — como exigem os americanos — e a negociar
para suspender o embargo econômico à ilha. (CM)