2010-07-08 12:46:38

SÃO TOMÉ E PRÍNCIPE: ENTRE MISÉRIA E ESPERANÇA


São Tomé, 08 jul (RV) - Concluem-se nesta quinta-feira, em São Tomé, os trabalhos do IX encontro dos bispos lusófonos. Visitas a comunidades e reflexões sobre o tema do combate à pobreza e à exclusão social foram os marcos deste encontro, que teve lugar num dos países mais empobrecidos da África. Para melhor compreender a situação, os bispos convidaram o Primeiro-Ministro Rafael Branco, o qual deixou claro que há que procurar novas vias econômicas para o país.

Ouça e leia o boletim da enviada da Rádio Vaticano, Dulce Araújo: RealAudioMP3
Falar de São Tomé é falar da pobreza. Pobreza que afecta a África toda, e não só. Mas em São Tomé parece assumir um rosto particular. De Norte a Sul, de Leste a Oeste, em todas as comunidades visitadas pelos bispos, que atravessaram mesmo o mar, indo até ao ilhéu das Rolas no extremo Sul do país, a imagem que fica é a de pessoas empantanadas na miséria sem saber como sair dela. E, de facto, não é fácil encontrar o caminho – admitiu o Primeiro Ministro, Joaquim Rafael Branco, no encontro que teve ontem com os bispos. Como causa desta situação indicou factores históricos ligados a monoculturas de exportação com mão de obra esclavagista; falhas na gestão pós independência; a fragilidade do Estado; a dependência económica do exterior; a corrupção; a mentalidade assistencialista, e por aí fora.
O certo é que o país não pode continuar a depender só da agricultura e ainda menos do cacau. Há que apostar no turismo de qualidade, em serviços, no escoamento de produtos para os mercados de países vizinhos como a Nigéria, que ultrapassam de longe os 160 mil habitantes de São Tomé. E perante a tendência a afirmar que os que mais sofrem desta situação são os originários de Cabo Verde, trazidos para trabalhar nas roças, Rafael Branco recorda que todos no país são vítimas da pobreza: também os angolares, pescadores, oriundos de Angola, e mesmo os forros, considerados originários da terra.
Seja como for, não obstante a pobreza, ajudadas pelos seus párocos, e religiosas … as comunidades souberam, de forma geral, mobilizar-se para receber os bispos com dignidade e liturgias bastante animadas. Mas os bispos voltam todos com uma interrogação: como ajudar o país a sair desta situação? Como combater a pobreza e a exclusão social de forma geral? Das análises feitas emerge a necessidade duma estratégia renovada que saiba aliar intervenção social e evangelização por forma a criar um homem novo capaz de ser, no caso concreto de São Tomé, protagonista da sua própria história.
Fica para já a denúncia da apropriação indevida do bem comum por parte de grupos políticos e económicos; da corrupção; da comercialização da droga; do tráfico de pessoas; da debilidade da sociedade civil. E aponta-se como possíveis acções, o reforço das iniciativas da Igreja, a formação ética e técnica das pessoas com vista na transformação das estruturas e das mentes.
Alguns bispos partem já hoje, outros amanhã, enquanto um pequeno grupo, segue para a ilha do Príncipe, fulcro, aliás das festividades dos 35 anos de independência do país, no próximo dia 12. Na capital santomense terá iniciado, entretanto, a campanha para as eleições autárquicas, regionais e legislativas a ter lugar de 25 deste mês a 2 de Agosto.

De São Tomé para a Rádio Vaticano
Dulce Araújo







All the contents on this site are copyrighted ©.