Brasília, 07 jul (RV) - A Food and Agriculture Organization (FAO), um departamento
da Organização das Nações Unidas (ONU), responsável pela erradicação da fome no mundo,
acaba de lançar uma campanha mundial de coleta de assinaturas para pressionar a própria
ONU, sobre a existência de 1 bilhão e 200 milhões de pessoas vivendo em situação de
fome crônica. A campanha se chama “1billionhungry” ou em português “1 bilhão de famintos”.
O
Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA) assumiu o compromisso de divulgar
esta campanha. Dom Guilherme Werlang, bispo referencial do Mutirão para a Superação
da Miséria e da Fome da CNBB, juntamente com o secretário do Mutirão, padre Nelito
Dornelas e a irmã Graça Apolinário, do Conselho de Religiosos do Brasil (CRB) e conselheira
do CONSEA, estão encarregados da divulgação a campanha nas comunidades religiosas.
“Para tanto, solicitamos o empenho de todos na mesma. A campanha está disponível
na Internet. As pessoas pedem fazer a assinatura via internet ou por meio de uma lista.
Esta assinatura é simples. Não necessita de documentos de identificação” - destacou
o padre Nelito.
As listas preenchidas devem ser enviadas à CNBB ou à CRB até
o dia 8 de setembro. Elas serão encaminhadas ao CONSEA, que as enviará à FAO, para
chegarem a ONU até o dia 16 de outubro, dia mundial da alimentação”.
O símbolo
da campanha é um apito amarelo. A idéia é encorajar as pessoas a apitar contra a fome.
“Deveríamos estar furiosos com o vergonhoso fato de que seres humanos ainda sofram
de fome” - disse o Diretor Geral da FAO, Jacques Diouf.
Se o mundo continuar
no mesmo ritmo de redução da fome, o Objetivo de Desenvolvimento do Milênio de reduzir
pela metade o percentual de pessoas com fome até 2015 não será alcançado. De cerca
de um bilhão de pessoas com fome, 642 milhões vivem na Ásia, 265 milhões na África
Subsaariana, 53 milhões na América Latina e Caribe, 42 no Oriente Médio e Norte da
África e 15 milhões em países desenvolvidos.
Segundo José Graziano, diretor
da FAO para a América Latina e Caribe, esta é a única região do mundo que retrocedeu
em número de pessoas com fome por causa da crise econômica.
Nesta região,
“quem não trabalha não come”. O único país que gerou empregos durante a crise foi
o Brasil. “É um milagre”. Hoje, América Latina e Caribe têm mais pobres e miseráveis
que nos anos oitenta. São 53 milhões de famintos quando eram 45 milhões em números
absolutos. “Perdemos em três anos o que levamos quinze para avançar”. Na Guatemala,
há uma criança desnutrida para cada duas. Ao mesmo tempo, aumenta o sobrepeso. “Comemos
pouco e comemos mal.”
A campanha lançada pela FAO em todo o mundo deve recolher
um milhão de assinaturas até o dia 16 de outubro, Dia Mundial da Alimentação.
As
assinaturas podem ser feitas por meios eletrônicos, mas haverá listas de assinaturas
circulando em todos os lugares. (CNBB, ONU, CM)