Rio de Janeiro, 03 jul (RV) - Estamos celebrando neste próximo final de semana
a Solenidade de São Pedro e São Paulo, transferida do dia 29 de junho para este domingo,
04 de julho. A cada ano a liturgia nos leva a meditar sobre a vida destes dois grandes
Apóstolos, que são considerados como “os cabeças dos apóstolos”, por terem sido os
principais líderes da Igreja Católica primitiva, tanto por sua fé e pregação, como
pelo ardor e zelo missionários.
São Pedro, que tinha como nome Simão, era
natural de Betsaida, irmão do apóstolo André. Pescador, foi chamado pelo próprio Jesus
e, deixando tudo, seguiu o Mestre, estando presente nos momentos mais importantes
da vida do Senhor, que lhe deu o nome de Pedro. Em princípio, fraco na fé, chegou
a negar Jesus durante o processo que culminaria em sua morte por crucifixão. O próprio
Senhor o confirmou na fé após Sua ressurreição, tornando-o intrépido pregador do Evangelho
através da descida do Espírito Santo de Deus, no Dia de Pentecostes.
Selou
seu apostolado com o próprio sangue, pois foi martirizado em uma das perseguições
aos cristãos, sendo crucificado de cabeça para baixo a seu próprio pedido, por não
se julgar digno de morrer como Seu Senhor, Jesus Cristo. Segundo a tradição, São Pedro
escreveu duas cartas e também serviu como fonte de informações para que São Marcos
escrevesse seu Evangelho.
São Paulo, que tinha como nome antes da conversão
Saulo, era natural de Tarso. Foi educado na “escola de Gamaliel”, um dos grandes mestres
da Lei da época. Tornou-se fariseu zeloso, a ponto de perseguir e aprisionar os cristãos,
sendo responsável pela morte de muitos deles. Converteu-se à fé cristã no caminho
de Damasco, quando o próprio Senhor Ressuscitado lhe apareceu e o chamou para o apostolado.
Recebeu o Batismo e preparou-se para o ministério. Tornou-se um grande missionário,
fundando muitas comunidades. De perseguidor passou a perseguido, sofreu muito pela
fé e foi coroado com o martírio, sofrendo morte por decapitação. Escreveu treze cartas
e ficou conhecido como “o Apóstolo dos gentios”.
Nesta solenidade dos príncipes
dos Apóstolos, somos chamados a ser corresponsáveis pelo ministério petrino do Sumo
Pontífice, sucessor de Pedro. É uma oportunidade para manifestar nossa unidade e carinho
por aquele que Deus colocou como sinal visível da unidade de sua Igreja. Nestes tempos
de tantas transformações e desafios temos o dom desse ministério!
Nesse dia
a Igreja nos convida a participar de uma especial coleta feita em todas as igrejas
do mundo todo, destinada às obras de caridade que o Papa faz. Chamamos esta coleta
de “óbolo de São Pedro”: é a expressão mais emblemática da participação de todos os
fiéis nas iniciativas de caridade do Bispo de Roma a bem da Igreja universal católica
presente em todo o orbe. Trata-se de um gesto que se reveste de valor não apenas financeiro,
mas também profundamente simbólico enquanto sinal de comunhão com o Papa e de atenção
às necessidades dos irmãos. (Cfr. Discurso do Papa Bento XVI aos Sócios do Círculo
de São Pedro, 25 de Fevereiro de 2006).
Já os Sumos Pontífices anteriores
tinham chamado a atenção para o Óbolo como forma dos católicos apoiarem o ministério
dos sucessores de São Pedro a serviço da Igreja universal. Assim se exprimira, por
exemplo, o Papa João Paulo II: “Conheceis as crescentes necessidades do apostolado,
as carências das comunidades eclesiais especialmente em terras de missão, os pedidos
de ajuda que chegam de populações, indivíduos e famílias que vivem em precárias condições.
Muitos esperam da Sé Apostólica uma ajuda que, muitas vezes, não conseguem encontrar
noutro lugar. Vistas assim as coisas, óbolo constitui uma verdadeira e particular
participação na ação evangelizadora, especialmente se consideram o sentido e a importância
de partilhar concretamente as solicitudes da Igreja universal”. (João Paulo II ao
Círculo de São Pedro, 28 de Fevereiro de 2003).
As ofertas que os fiéis dão
ao Santo Padre destinam-se a obras eclesiais, a iniciativas humanitárias e de promoção
social, e também para a sustentação das atividades da Santa Sé. E o Papa, enquanto
Pastor da Igreja inteira, preocupa-se também com as necessidades materiais de dioceses
pobres, institutos religiosos e fiéis em graves dificuldades (pobres, crianças, idosos,
marginalizados, vítimas de guerras e desastres naturais; ajudas particulares a Bispos
ou Dioceses em necessidade, educação católica, ajuda a refugiados e migrantes, etc.).
Nós mesmos no Brasil, tanto na Amazônia como em tantos lugares onde ocorreram tragédias
recebemos essa partilha.
O critério geral, que inspira a prática do Óbolo,
remonta à Igreja primitiva: “A base primitiva para a manutenção da Sé Apostólica deve
ser constituída pelas ofertas dadas espontaneamente pelos católicos de todo o mundo,
e eventualmente também por outras pessoas de boa vontade. Isto corresponde à tradição,
que tem origem no Evangelho (Lc 10,7) e nos ensinamentos dos Apóstolos”. (Carta de
João Paulo II ao Cardeal Secretário de Estado, 20 de Novembro de 1982).
Portanto,
ao celebrar a solenidade de São Pedro e São Paulo queremos pedir, pela intercessão
destes dois santos, as suas inúmeras graças e bênçãos e quero também, de maneira insistente,
pedir a todo o povo carioca e brasileiro que neste dia, em suas comunidades, sejam
generosos em suas ofertas para que o nosso querido Papa Bento XVI possa ajudar, em
sua prática de caridade, tantas pessoas e tantos lugares que são vítimas, sobretudo
nesses últimos tempos, de catástrofes naturais. Lembro a todos, com grande gratidão,
que nas chuvas e catástrofes que se abateram sob o Rio de Janeiro e Niterói, logo
após a Semana Santa, o Papa Bento XVI enviou às nossas Arquidioceses fluminenses uma
generosa doação para as vítimas das enchentes, isso tudo possível graças à generosidade
de todos os que colaboram com o Óbolo de São Pedro, o braço caritativo do Santo Padre.
Celebrando
a Solenidade de São Pedro e São Paulo, quero, pois, manifestar a minha irrestrita
e filial adesão ao Magistério Pontifício e à figura singular e maiúscula do Romano
Pontífice, o Papa Bento XVI, rogando a Deus conceder-lhe as graças necessárias ao
bom e fiel desempenho de seu ministério de nos confirmar na fé e na caridade. Que
São Pedro e São Paulo abençoem a Cátedra de Pedro e todas as Igrejas particulares
peregrinas no mundo inteiro. Amém!
+ Orani João Tempesta, O. Cist. Arcebispo
Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ