O maior perigo para a Igreja não são as perseguições mas a a infidelidade: Bento
XVI na homilia da Missa dos Santos Pedro e Paulo
((29/6/2010) Na manhã desta terça feira o Papa Bento XVI presidiu na Basílica de
São Pedro a Missa na solenidade dos Santos Pedro e Paulo, patronos da cidade de Roma.
Com ele concelebraram 38 arcebispos metropolitas, aos quais o Papa impôs o pálio,
simbolo do poder episcopal exercido em comunhão com a Igreja de Roma. Trata-se de
uma faixa de lã branca com seis cruzes pretas de seda, uma insígnia litúrgica de
"honra e jurisdição". O Palio, como explicou o Santo Padre durante a imposição
“seja para vós símbolo de unidade e sinal de comunhão com a Sé Apostólica; seja vinculo
de caridade e estimulo de fortaleza para que no dia da vinda e da revelação do grande
Deus e do príncipe dos pastores Jesus Cristo, possais obter com o rebanho que vos
foi confiado, a veste da imortalidade e da gloria. São três os arcebispo de língua
portuguesa que receberam das mãos do Papa o palio: o angolano D. Gabriel Mbilingi,
arcebispo de Lubango, e os brasileiros D António Fernando Saburido, Arcebispo de
Olinda e Recife e D. Alberto Taveira Corrêa Arcebispo de Belém do Pará. O tema
da liberdade da Igreja constituiu o fio condutor da homilia de Bento XVI que começou
por salientar que a infidelidade dos seus membros é pior do que as perseguições que
a Igreja sofre “Se pensamos nos dois milénios de historia da Igreja, podemos observar
que como tinha preanunciado o Senhor Jesus, nunca faltaram aos cristãos as provações,
que nalguns períodos e lugares assumiram o carácter de autenticas perseguições.
Estas
porém, não obstante os sofrimentos que causam, não constituem o perigo mais grave
para a Igreja. De facto o dano maior ela sofre-o daquilo que polui a fé e a vida cristã
dos seus membros e das suas comunidades, prejudicando a integridade dos Corpo místico,
enfraquecendo a sua capacidade de profecia e de testemunho, ofuscando a beleza do
seu rosto.
Esta realidade – salientou depois o Papa – é confirmada já nas
cartas de S. Paulo. A Primeira Carta aos Coríntios, por exemplo, responde precisamente
a alguns problemas de divisões, de incoerências, de infidelidades ao Evangelho que
ameaçam seriamente a Igreja. E a este propósito citou também a Segunda Carta a
Timóteo que fala dos perigos dos últimos tempos, identificando-os com atitudes negativas
que pertencem ao mundo e que pode contagiar a comunidade cristã: egoísmo, vaidade,
orgulho, apego ao dinheiro, etc. A conclusão do Apostolo porém dá serenidade: os
homens que fazem o mal não irão muito longe, porque a sua estultice será conhecida
por todos. Para Bento XVI existe portanto uma garantia de liberdade assegurada
por Deus á Igreja, liberdade tanto dos laços materiais que procuram impedir ou coarctar
a sua missão, como dos males espirituais e morais que podem corroer a sua autenticidade
e credibilidade. O Papa salientou depois que a comunhão com Pedro e os seus sucessores
é garantia de liberdade para os Pastores da Igreja e para as proprias comunidades,
a eles confiadas. No plano histórico, a união com a Sé Apostólica assegura ás Igrejas
particulares e ás Conferencias Episcopais a liberdade em relação aos poderes locais,
nacionais ou supranacionais, que em certos casos podem obstaculizar a missão eclesial.
Além disso, e mais essencialmente, o ministério petrino é garantia de liberdade no
sentido da plena adesão á verdade, á autentica tradição, de maneira que o Povo de
Deus seja preservado de erros acerca da fé e da moral. Bento XVI concluiu a sua
homilia invocando os Santos Apóstolos Pedro e Paulo para que ajudem a todos a amar
cada vez mais a santa Igreja, corpo místico de Cristo Senhor, e mensageira de unidade
e de paz para todos os homens.