Mensagem do Conselho Pontificio da pastoral para os migrantes e itinerantes, para
o Domingo do Mar, 11 de Julho de 20010)
(28/6/2010) Estimados Capelães, voluntários, amigos e benfeitores do Apostolado
do Mar, A Organização Marítima Internacional tem declarado 2010 “Ano do Marítimo”,
a fim de render homenagem ao milhão e meio de marinheiros pela sua grande contribuição
à sociedade, e para conscientizar sobre as difíceis situações, criadas pela natureza,
mas frequentemente também pelos homens, situações que muitos deles têm vivido enquanto
navegam pelos mares. Visto que geralmente os marinheiros são definidos como “pessoas
invisíveis” porque passam rapidamente nos portos, a celebração anual do Domingo do
Mar convida as comunidades cristãs a ver e reconhecer os marinheiros como “pessoas
reais” que, com duro trabalho e numerosos sacrifícios, contribuem para que a nossa
vida seja mais cômoda. Os marinheiros não são trabalhadores como os que se encontram
em terra firme, são diferentes, também porque não os vemos ir trabalhar todo dia.
Os seus contratos lhes exige deixar por um longo período as suas esposas, os filhos,
a família e os amigos. Estes navegam de um porto ao outro, com frequência em lugares
isolados com pouquíssimo tempo para descer a terra antes de embarcar novamente e retomar
o mar. O perímetro da embarcação é o limite do seu mundo, o espaço da cabine é a sua
casa e eles compartilham o trabalho com pessoas de nacionalidades e religiões diferentes,
usando continuamente uma “Babel de idiomas” para comunicar-se. Para os marinheiros
a solidão é companheira constante e as injustiças são frequentes. Além do mais, nestes
tempos de crises econômica as equipagens são frequentemente abandonadas em portos
estrangeiros, os ataques dos piratas são cada vez mais frequentes e, quando acontece
um acidente, a criminalização e a detenção injustificadas são, às vezes, o preço que
devem pagar em nome do armador ou do charter. O progresso tecnológico tem trazido
muitas mudanças na indústria marítima. Tem melhorado a segurança e a confiança das
embarcações e reduzido o tempo de descarga e carga nos portos, porém, pouco tem mudado
no que diz respeito às necessidades humanas dos marinheiros e pescadores. Trata-se
de necessidades simples: um caloroso acolhimento em país estrangeiro, um meio de transporte
para deslocar-se à cidade, um telefone ou um computador para comunicar-se com as suas
famílias e seus entes queridos, um sacerdote para celebrar a Santa Missa – se são
católicos – ou para abençoá-los, um amigo que escute as suas histórias e problemas,
um voluntário ou um agente pastoral que os visite no hospital ou no cárcere. O
Apostolado do Mar foi fundado por um pequeno grupo de pessoas generosas, em Glasgow,
em 4 de outubro de 1920, cujo objetivo era o de dar assistência espiritual e material
aos marinheiros católicos “esquecidos” e atender as suas necessidades. A partir de
então, o Apostolado do Mar tem crescido além de qualquer expectativa, e se olharmos
para trás, aos seus humildes inícios, podemos ver a mão providencial de Deus na maneira
pela qual tem se difundido em todo o mundo. Proporcionar assistência pastoral
para os marinheiros e aos pescadores, em particular através das visitas a bordo das
embarcações, continua sendo a nossa principal preocupação, tal como foi a origem deste
Apostolado. Por isso, gostaríamos de encorajá-lhes a continuar apoiando esta “Obra”,
com a esperança de que as Igrejas locais se envolvam cada vez mais neste ministério
pastoral. O apostolado do Mar, mediante a sua rede de “Stella Maris” e centros
em todo o mundo, está sempre disponível para responder às necessidades dos marinheiros,
acolhendo-os em uma “casa longe da sua casa” e fazendo que a vida deles seja um pouco
mais fácil. Em muitos portos do mundo, os capelães e os voluntários visitam centenas
de barcos e acolhem milhares de marinheiros de toda religião e nacionalidade, oferecendo
assessoria, vestuários, carta telefônica e dinheiro, proporcionando-lhes um “porto
seguro” em tempos de crises, e também em último lugar, mas não menos importante, ajudam
a manter nas suas vidas a abertura aos valores transcendentes. A nível internacional
e nacional, o Apostolado do Mar exerce também um trabalho de ‘advocacy’ a fim de promover
os direitos dos marinheiros e proporcionar a eles justiça. Ao comemorar o seu
90º aniversário de fundação e ao celebrar o “Ano do marítimo”, o Apostolado do Mar
dirige um apelo a todos os Estados a fim de que ratifiquem quanto antes a Convenção
sobre o Trabalho Marítimo de 2006, instrumento fundamental para melhorar as condições
de trabalho e de vida dos marinheiros. Enfim, nesta ocasião, todos estão convidados
a parar um momento e a rezar para eles e suas famílias, e confiar a Maria, Estrela
do Mar, os capelães e os voluntários que todos os dias caminham generosamente ao longo
do cais, sobem as escadas dos navios mostrando amor e preocupação para “aqueles que,
por motivos de vários tipos, vivem e trabalham no ambiente marítimo” (Motu Proprio
Stella Maris, Introdução).