BISPO DO PORTO: IGREJA DEV ESTAR NA "LINHA DE FRENTE" NA LUTA PELA IGUALDADE
Porto, 26 jun (RV) - O bispo do Porto, Dom Manuel Clemente, presidente da Comissão
Episcopal da Cultura, disse na tarde desta sexta-feira, em Fátima, Portugal, que a
Igreja Católica deve estar "na linha de frente" na defesa dos princípios da igualdade,
solidariedade, subsidiariedade e desenvolvimento.
Em declarações feitas
durante as jornadas da Pastoral da Cultura, sobre o tema da igualdade, Dom Clemente
acrescentou que esses são temas que "não se podem deixar cair". E defendeu o papel
da educação como "a única maneira de quebrar o círculo da pobreza hereditária".
O
bispo do Porto acrescentou que, na atual situação de desemprego e pobreza que atinge
tantas pessoas, as redes sociais de vizinhança têm sido de muita ajuda às pessoas
em dificuldades.
O filme A Ilha da Cova da Moura, de Rui Simões, foi exibido
no início da manhã de ontem, e a experiência desse bairro da periferia de Lisboa foi
tomada como exemplo, por Dom Manuel Clemente, de como a educação e a subsidiariedade
podem ser importantes na mudança social.
Após a projeção do filme, Alfredo
Bruto da Costa, pioneiro dos estudos sobre a pobreza em Portugal, afirmou que se vive
no país, "uma cultura condescendente" com a desigualdade. "Não nos damos conta do
que a igualdade significa" – acrescentou, referindo-se ao modo como são tratadas as
pessoas de classes sociais consideradas inferiores, como empregadas domésticas e de
profissões socialmente desqualificadas.
"Os três princípios da Revolução
Francesa estão ligados entre si: só podemos ser irmãos de iguais; e somos livres na
condição da igualdade" – acrescentou Alfredo Bruno da Costa.
Ao término
da sessão de trabalhos, o bispo do Porto entregou, em nome do Secretariado Nacional
da Pastoral da Cultura, da Igreja Católica, o prêmio "Árvore da Vida – Padre Manuel
Antunes" ao Departamento do Patrimônio Histórico e Artístico da Diocese de Beja.
O
prêmio distingue personalidades ou instituições que se destacam no diálogo entre a
fé e a cultura, e já premiou o poeta Fernando Echevarría, o sacerdote e cientista
Pe. Luís Archer, o cineasta Manoel d'Oliveira, e os professores universitários Maria
Helena Rocha Pereira e Adriano Moreira. (AF)