Uberaba, 23 jun (RV) - Durante duas semanas do mês de junho/2010, estive em
Roma, com os demais Bispos de Minas Gerais (35). Fomos cumprir uma prescrição canônica
de nos encontrar com o Papa, e de visitar os túmulos dos apóstolos São Pedro e São
Paulo. Para mim já foi a quinta vez que cumpro esse agradável preceito. Não é agradável
por causa da viagem (que oferece pouca novidade), mas pela experiência religiosa inigualável.
Encontrar-se com o Papa, conversar pessoalmente com ele, perceber que ele me reconhece,
e captar suas preocupações, é sempre uma vivência indescritível. “Tres anos depois
fui ver a Cefas, e fiquei com ele 15 dias” (Gal 1, 18). Caminhar no meio dos romeiros,
que vem do mundo inteiro – então de brasileiros Roma está assim – é sentir-se católico
até o fundo da alma. (Ao passar a pé numa rua, um casal de Uberaba me reconheceu e
expressou com gentileza sua amizade para comigo).
Quanto às nossas atividades
episcopais na cidade eterna, foram de enorme proveito. As visitas aos dicastérios
romanos (espécie de ministérios religiosos), nos revelaram Bispos e Assessores muito
cultos e atualizados. Posso dizer que aprendi muito com sua sabedoria, suas pertinentes
iluminações. São pessoas muito versadas nas suas áreas referentes à educação católica,
à cultura moderna, à formação do clero, ao diálogo com as religiões, à aproximação
com os que não tem fé, à vida sacramental das nossas comunidades. Com alegria percebi
que são conhecedores “ventilados” de suas áreas. Suas posições são avaliadas pelo
constante diálogo com o mundo moderno. Fomos muito bem tratados por todos eles. Aquela
atitude de superioridade, que eu percebera neles em décadas passadas, está superada.
Quanto a Bento XVI, pude ver nele um homem de Deus, de extrema delicadeza de trato,
e uma inteligência extraordinária. Em compreensão teológica, em posição esclarecida
da fé, em firmeza tranqüila de confiança na pessoa de Cristo, é difícil encontrar
uma pessoa melhor. É isso que parecem dizer as multidões que afloram de todas as partes
do mundo. Se em 1980 encontrei muita gente nas imediações da basílica de São Pedro,
agora encontrei muito mais ainda. Voltei fortalecido na minha fé em Cristo e sua Igreja,
e vi que não “havia corrido em vão” (Gal 2,2).
Dom Aloísio Roque Oppermann
scj Arcebispo e Uberaba, MG. (CM)