Havana, 23 jun (RV) - O dissidente cubano Darsi Ferrer, detido há quase um
ano, foi libertado ontem e cumprirá o resto de sua sentença em prisão domiciliar -
declarou à imprensa o porta-voz da Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação
Nacional (CCDHRN), Elizardo Sánchez.
Ferrer, de 40 anos, classificado como
prisioneiro de consciência pela Anistia Internacional, foi condenando a um ano e três
meses por receptação por comprar cimento de forma ilegal, no mercado negro.
O opositor foi detido no dia 21 de julho do ano passado e desde então, estava
encarcerado sem ter sido julgado. Ele chegou a fazer greve de fome durante 24 dias,
entre março e abril, para exigir atenção médica e que seu caso fosse analisado, reivindicações
que foram aceitas.
Segundo Sánchez, com a decisão de ontem, “o governo
continua a política dos últimos meses de evitar deter novos presos políticos”.
Há dois meses, a Igreja Católica e a administração de Raúl Castro mantêm um diálogo
para resolver a questão dos detidos. Até o momento, as autoridades permitiram a libertação
do opositor Ariel Sigler, além do traslado de 12 presos -- transferidos para cárceres
próximos aos seus locais de residência.
Entretanto, o Bispo Auxiliar de Havana,
Dom Juan de Dios Hernández, pediu ontem paciência, garantindo que o processo de diálogo
com o Governo comunista não vai se deter, mas vai trazer novos resultados.
“É
um processo que já se iniciou e não vai se interromper. Nossa intenção é manter o
diálogo para ajudar a reconciliação nacional” - afirmou em coletiva à imprensa. Para
ele, “a abertura ao diálogo mostrada pelas autoridades demonstra o interesse do Governo
por avançar na reconciliação”.
“Percebo que somos ouvidos, levados em consideração,
sabemos que somos uma minoria na sociedade, mas como diria o Santo Padre, uma minoria
significativa”.
Dom Juan de Dios Hernández disse que neste tipo de processo,
tão delicado, é bom ter paciência: “Eu o comparo com a vida no ventre da mãe. Mesmo
que queiramos muitíssimo o nascimento da criança, é preciso esperar; do contrário
corremos o risco do aborto, que não produz um novo ser, mas um ser desfigurado”. (CM)