«Chamados a ser santos, junto com todos os que,
em qualquer lugar, invocam o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso:
Para vós, graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo» (1 Cor
1, 2-3). Com estas palavras, acolho a todos vós, amados Pastores do Regional Leste
2 em Visita ad Limina, e vos saúdo com grande afeto na consciência do laço colegial
que une o Papa com os Bispos no vínculo da unidade, da caridade e da paz. Agradeço
a Dom Walmor as amáveis palavras com que interpretou os vossos sentimentos de homenagem
à Sé de Pedro e ilustrou os desafios e problemas que são objeto do vosso empenho a
bem da grei que Deus vos confiou nos Estados do Espírito Santo e Minas Gerais. Vejo
que amais profundamente as vossas dioceses e também eu participo intimamente deste
vosso amor, acompanhando-vos com a oração e a solicitude apostólica. A nossa é uma
bela história com início palpável nas Bulas expedidas pelo Sucessor de Pedro para
a ordenação episcopal e naquele «Eis-me aqui» proferido por cada um no início da cerimônia
da sua sagração e conseqüente ingresso no Colégio dos Bispos. Dele começastes a fazer
parte «em virtude da sagração episcopal e pela comunhão hierárquica com a Cabeça e
com os membros» (Nota Explicativa Prévia, anexa à Const. dogm. Lumen gentium), tornando-vos
sucessores dos Apóstolos com a tríplice função de ensinar, santificar e governar o
povo de Deus. Enquanto mestres e doutores da fé, tendes a missão de ensinar com
audácia a verdade que se deve crer e viver, apresentando-a de forma autêntica. Como
vos disse em Aparecida, «a Igreja tem a grande tarefa de conservar e alimentar a fé
do povo de Deus, e recordar também aos fiéis (…) que, em virtude do seu batismo, são
chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo» (Discurso inaugural da V
Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, 13/V/2007, 3). Ajudai,
pois, os fiéis confiados aos vossos cuidados pastorais a descobrirem a alegria da
fé, a alegria de serem pessoalmente amados por Deus, que entregou o seu Filho para
nossa salvação. Como bem sabeis, crer consiste sobretudo em abandonar-se a este Deus
que nos conhece e ama pessoalmente, aceitando a Verdade que Ele revelou em Jesus Cristo
com a atitude que nos leva a ter confiança nele como revelador do Pai. Queridos irmãos,
tende grande confiança na graça e sabei infundir esta confiança no vosso povo, para
que a fé sempre seja guardada, defendida e transmitida na sua pureza e integridade. Como
administradores do supremo sacerdócio, haveis de procurar que a liturgia seja verdadeiramente
uma epifania do mistério, isto é, expressão da natureza genuína da Igreja, que ativamente
presta culto a Deus por Cristo no Espírito Santo. De todos os deveres do vosso ministério,
«o mais imperioso e importante é a responsabilidade pela celebração da Eucaristia»,
competindo-vos «providenciar para que os fiéis tenham a possibilidade de aceder à
mesa do Senhor, sobretudo ao domingo que é o dia em que a Igreja – comunidade e família
dos filhos de Deus – descobre a sua peculiar identidade cristã ao redor dos presbíteros»
(João Paulo II, Exort. ap. Pastores gregis, 39). O múnus de santificar que recebestes
impõe-vos ainda ser promotores e animadores da oração na cidade humana, freqüentemente
agitada, rumorosa e esquecida de Deus: deveis criar lugares e ocasiões de oração,
onde no silêncio, na escuta de Deus, na oração pessoal e comunitária, o homem possa
encontrar e fazer a experiência viva de Jesus Cristo que revela o rosto autêntico
do Pai. É preciso que as paróquias e os santuários, os ambientes de educação e sofrimento,
as famílias se tornem lugares de comunhão com o Senhor. Enfim, como guias do povo
cristão, deveis promover a participação de todos os fiéis na edificação da Igreja,
governando com coração de servo humilde e pastor afetuoso tendo em vista a glória
de Deus e a salvação das almas. Em virtude do múnus de governar, o Bispo está chamado
também a julgar e disciplinar a vida do povo de Deus confiado aos seus cuidados pastorais,
através de leis, diretrizes e sugestões, como previsto na disciplina universal da
Igreja. Este direito e dever é muito importante para que a comunidade diocesana permaneça
unida no seu interior e caminhe em sincera comunhão de fé, de amor e de disciplina
com o Bispo de Roma e com toda a Igreja. Para isso, não vos canseis de alimentar nos
fiéis o sentido de pertença à Igreja e a alegria da comunhão fraterna. Entretanto
o governo do Bispo só será pastoralmente proveitoso «se gozar do apoio duma boa credibilidade
moral, que deriva da sua santidade de vida. Tal credibilidade predisporá as mentes
para acolherem o Evangelho anunciado por ele na sua Igreja e também as normas que
ele estabelecer para o bem do povo de Deus» (Ibid., 43). Por isso, plasmado interiormente
pelo Espírito Santo, cada um de vós faça-se «tudo para todos» (cf. 1 Cor 9, 22), propondo
a verdade da fé, celebrando os sacramentos da nossa santificação e testemunhando a
caridade do Senhor. Acolhei de coração aberto quantos batem à vossa porta: aconselhai-os,
confortai-os e apoiai-os no caminho de Deus, procurando guiar a todos para aquela
unidade na fé e no amor da qual, por vontade do Senhor, deveis ser princípio e fundamento
visível nas vossas dioceses (cf. Const. dogm. Lumen gentium, 23). Queridos Irmãos
no Episcopado! Ao concluir este nosso encontro, desejo renovar a cada um de vós os
meus sentimentos de gratidão pelo serviço que prestais à Igreja com viva dedicação
e amor. Por intercessão da Virgem Maria, «exemplo daquele afeto maternal de que devem
estar animados todos quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja tem de regenerar
os homens» (Ibid., 65), invoco de Cristo, Sumo e Eterno Sacerdote, sobre o vosso ministério
a abundância dos dons e consolações celestes e concedo-vos, extensiva aos sacerdotes
e diáconos, aos consagrados e consagradas, aos seminaristas e aos fiéis leigos das
vossas comunidades diocesanas, uma particular Bênção Apostólica.