Cidade do Vaticano, 20 jun (RV) - Na manhã deste domingo, Bento XVI presidiu
à santa missa na Basílica de São Pedro e conferiu a ordenação presbiteral a 14 diáconos
da Diocese de Roma. Dez deles são italianos e os outros provêm da Índia, Japão,
Chile e Alemanha.
Em sua homilia, o Pontífice fez três recomendações aos novos
sacerdotes: fidelidade à verdade, correta conduta de vida e zelo nas celebrações litúrgicas.
O Papa também responsabilizou os sacerdotes, dizendo-lhes que “a Igreja conta muito
com eles”.
Na primeira parte de seu sermão, Bento XVI ofereceu uma indicação
bem precisa para a vida e a missão do sacerdote: na oração, ele é chamado a redescobrir
o rosto sempre novo de seu Senhor e o conteúdo mais autêntico de sua missão:
“Só
quem tem um relacionamento íntimo com o Senhor é abraçado por Ele, pode levá-Lo aos
outros, pode ser enviado. Trata-se de ‘permanecer com ele’ sempre no exercício do
ministério sacerdotal; deve ser a sua parte central inclusive e, sobretudo, nos momentos
difíceis, quando parece que as ‘coisas a serem feitas’ devem ter prioridade. Em qualquer
lugar estejamos, o que quer que façamos, devemos sempre permanecer com Ele”.
Inspirando-se na leitura do Evangelho de hoje, o Papa evidenciou um segundo elemento:
a sequela. O que significa isso para os cristãos de hoje, e principalmente, para um
sacerdote?
“O sacerdócio não pode jamais representar um caminho para
obter segurança na vida ou conquistar uma posição social. Quem aspira ao sacerdócio
para aumentar seu prestígio pessoal e seu poder não entendeu o significado da raiz
deste ministério. Quem quer antes de tudo realizar a sua ambição e alcançar o sucesso
será sempre um escravo de si mesmo e da opinião pública. Para ser respeitado, deverá
bajular; deverá dizer o que as pessoas gostam; deverá adaptar-se às modas e opiniões
e privar-se da relação vital com a verdade, reduzindo-se a condenar amanhã o que elogiou
hoje. Um homem que constrói assim a sua vida, um sacerdote que vê o seu ministério
nesses termos, não ama verdadeiramente a Deus e aos outros, mas apenas a si mesmo
e paradoxalmente, acaba por se perder”. “Fundamentalmente – completou o Papa
– o sacerdote deve ter a coragem de dizer ‘sim’ à outra vontade, consciente de que,
se conformando aos desígnios de Deus, sua originalidade não se cancela, mas ao contrário,
ele penentra sempre mais na verdade de seu ser e de seu ministério”.
Bento
XVI dedicou ainda um terceiro pensamento aos novos sacerdotes: o convite de Jesus
a “perder-se a si mesmo”; a tomar a Cruz, a Eucaristia. A eles, é confiado o sacrifício
redentor de Cristo, o seu corpo doado e seu sangue derramado:
“É
algo que nos surpreende em nosso íntimo com viva alegria e imensa gratidão: o amor
e o dom de Cristo crucificado e glorioso passam através de suas mãos, de sua voz,
de seu coração! Eu mesmo vivo sempre um momento de estupor ao ver que em minhas mãos
e em minha voz o Senhor realiza o mistério de Sua presença”. Antes de conferir
o Sacramento da Ordem aos diáconos, o Papa lhes recordou ainda a voz do Apóstolo Paulo,
na qual reconhecemos a força do Espírito Santo:
“Todos vós que fostes batizados
em Cristo, vos revestistes de Cristo”, e disse aos novos padres que além do zelo nas
celebrações eucarísticas, é necessário também o empenho por uma vida eucarística vivida
na obediência a uma grande lei: a do amor que se doa com totalidade e serve com humildade;
uma vida que a graça do Espírito Santo torna mais semelhante à de Jesus Cristo, Sumo
e eterno Sacerdote, servo de Deus e dos homens.
Bento XVI terminou a sua homilia
com uma última indicação:
“Queridos, o caminho indicado pelo Evangelho de
hoje é o caminho de sua espiritualidade e de sua ação pastoral, de sua eficácia e
firmeza, mesmo nas situações mais cansativas e áridas. É a única estrada segura para
encontrar a verdadeira alegria. Que Maria, a serva do Senhor, que conformou sua vontade
à de Deus, a mulher que gerou Cristo e o doou ao mundo, seguindo-o aos pés da Cruz
em um supremo ato de amor, os acompanhe a cada dia em sua vida e em seu ministério.
Graças ao carinho desta Mãe, delicada e forte, vocês poderão ser felizes e fiéis ao
múnus que hoje, como presbíteros, vocês recebem: o de conformar-se a Cristo Sacerdote,
que soube obedecer ao desejo do Pai e amar o homem até o fim”. (CM)