Crise interétnica no Quirguizistão preocupa comunidade internacional
(20/6/2010) O balanço de vítimas da crise na Ásia Central não pára de subir. A Organização
Mundial de Saúde referiu o número de um milhão de afectados pelo surto de violência
interétnica que estalou nas cidades de Och e Jalal-Abad, no Sul do país. E a presidente
interina do Quirguizistão, Rosa Otun- baieva, no final de uma visita à região atingida,
admitiu que os números oficiais de 192 mortos e 2000 feridos "tinham de ser multiplicados
por dez".
Otunbaieva prometeu que se iria realizar o referendo constitucional
marcado para dia 27, necessário para legitimar o poder provisório que resultou dos
distúrbios de Abril, cuja repressão matou 87 pessoas. Estes protestos levaram à queda
do anterior presidente, Kurmanbek Bakiev, que se refugiou na Bielorrússia. As actuais
autoridades de Bishkek acusam Bakiev de ter provocado a nova vaga de violência.
Os
distúrbios interétnicos começaram na semana passada e agravaram-se no fim-de-semana.
Grupos de quirguizes atacaram casas e negócios da etnia minoritária usbeque. Há relatos
de grande violência, dirigida a mulheres e crianças. Muitas casas foram destruídas
e centenas de milhares de pessoas puseram-se em fuga.
Os novos números das
agências humanitárias são impressionantes. A Organização Mundial de Saúde fala em
700 mil deslocados e 300 mil refugiados. O Alto Comissariado da ONU para os Refugiados,
dirigido por António Guterres, tem por agora estimativas mais baixas, de 300 mil deslocados
internos e 100 mil refugiados. Estes últimos estão no lado usbeque da fronteira entre
Usbequistão e Quirguizistão, que não é muito distante das cidades afectadas.
Os
analistas políticos temem que a instabilidade venha a ameaçar outros países desta
região estratégica da Ásia.