DOM MARCHETTO: RELIGIÃO, TERRENO COMUM PARA FAVORECER RELAÇÕES NO MUNDO GLOBALIZADO
Cidade do Vaticano, 19 jun (RV) - "Multiculturalismo (de fato) e religião":
esse foi o tema do pronunciamento do Secretário do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e os Itinerantes, Dom Agostino Marchetto, feito na manhã deste sábado,
em Roma, no âmbito dos trabalhos conclusivos do Conselho Nacional Forense italiano,
que se realizou nestes dias por ocasião dos sessenta anos da assinatura da Convenção
europeia para a "Salvaguarda dos direitos do homem e das liberdades fundamentais".
"Na
complexidade da sociedade atual, e à luz de uma globalização que é causa de uma mescla
de povos jamais realizada, a religião se torna o terreno para favorecer a aceitação
das mutáveis realidades do nosso tempo, sem perder a própria identidade" – ressaltou
o prelado.
O Arcebispo ilustrou a única receita capaz de conjugar a abertura
ao multiculturalismo com a recuperação da "ligação com o tecido sócio-cultural de
origem".
De fato, o pluralismo "implica o reconhecimento e a promoção das diversidades,
e a religião desempenha um papel importante no fazer crescer o respeito pelas mulheres
e homens de diferente pertença" – explicou Dom Marchetto.
Sobretudo em campo
religioso, existe a possibilidade de realizar uma fraternidade universal em que as
diferenças não se anulam, mas são vividas em sua "identidade na relação" - frisou.
Nessa
perspectiva, segundo o Secretário do dicastério vaticano, o fenômeno migratório torna-se
um laboratório apropriado para experimentar o acolhimento das outras culturas.
Ressaltando
a centralidade da pessoa, Dom Marchetto defendeu que "não existem culturas abstratas,
separadas do indivíduo". O prelado reiterou ainda a contribuição dada pela religião,
sobretudo na Europa, para a formação do conceito de centralidade da pessoa humana.
O
prelado prosseguiu afirmando que o acolhimento dialogador se expressa num encontro
autêntico, que se serve da difícil arte de conjugar o aspecto pessoal ao de grupo,
a identidade e a complementaridade.
Por fim, o Secretário do Pontifício Conselho
da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes evidenciou que não basta mais a tolerância,
mas é necessário passar ao "convívio das diferenças". (RL)