2010-06-19 14:06:31

DIPLOMATA BRASILEIRO ANTINAZISTA RECORDADO COM MISSA EM ROMA


Roma, 19 jun (RV) - O Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Walter Kasper, presidiu uma Eucaristia na igreja de Santa Maria in Traspontina, na última 5ª feira, em sufrágio por dois diplomatas inspirados pelo cristianismo que lutaram contra o nazismo: Luis Martins de Sousa Dantas, brasileiro, e Aristides de Sousa Mendes, português.

Os Cardeais Dom Cláudio Hummes, Prefeito da Congregação para o Clero, Dom William Joseph Levada, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, e o Presidente emérito do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz e do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes, Dom Renato Raffaele Martino, concelebraram a Missa.

Em sua edição de ontem, o jornal Vaticano “L’Osservatore Romano” publica um artigo recordando que “tanto Dantas como Mendes pertencem ao grupo de pessoas de reta consciência que, em toda a Europa, arriscaram sua vida para salvar a de tantas pessoas ameaçadas pelo horror do nazifascismo”.

Nos anos difíceis da 2ª Guerra Mundial, o brasileiro Luis Martins de Sousa Dantas e o português Aristides de Sousa Mendes salvaram a vida de milhares de judeus. Segundo o Cardeal Martino, que proferiu a homilia, “a ação de Dantas e de Mendes foi motivada por uma profunda fé cristã”.

A ação dos dois diplomatas adquire hoje ainda mais relevância porque se realizava em total desobediência às disposições de seus respectivos governos, que - como os da maior parte do mundo - naqueles anos estavam dispostos a lutar contra os judeus.

Desafiando a ordem explícita do governo de Salazar de evitar “conceder vistos aos judeus e a outros indesejáveis”, Mendes organizou um sistema de vistos que ocultava a identidade judaica e conseguiu salvar mais de 30 mil pessoas dos campos de concentração e da morte certa.
A vida não lhe restituiu a generosidade dedicada aos outros: O diplomata português viu seus 14 filhos emigrar e dispersar-se por diferentes lugares do mundo. Morreu em absoluta miséria, em um refúgio para pobres administrado por franciscanos em Lisboa, em 1954. Atendendo a seu desejo, foi sepultado com o saio franciscano.

Por sua vez, o embaixador Dantas também ouviu a voz de sua consciência e facilitou a fuga de milhares de pessoas ameaçadas de morte; uma insubordinação que lhe custou a carreira. Em sua defesa, limitou-se a dizer que agiu “movido pelos mais elementares sentimentos de piedade cristã”.

Em 2003, o brasileiro (falecido em 1954) foi proclamado “Justo entre as nações”, título atribuído a pessoas que arriscaram suas vidas para ajudar os judeus perseguidos pelo regimes nazista e fascista.

Os dois diplomatas, e outras personalidades da época, inspiraram a criação de um comitê promotor do “Dia da Consciência”, para recordar e agradecer a Deus por todos os que tiveram a valentia de ouvir sua consciência naqueles anos difíceis. (CM)







All the contents on this site are copyrighted ©.