Brasília, 18 jun (RV) - Neste domingo, 20, é comemorado o Dia Mundial do Refugiado,
com o tema “Tiraram minha casa, mas não podem tirar meu futuro”. A data foi criada
conforme resolução da Assembleia Geral da ONU, com o objetivo de expressar solidariedade
à África, continente que abriga o maior número de refugiados e que, tradicionalmente,
já celebrava o Dia Africano do Refugiado nesta mesma ocasião.
Também no domingo,
termina a Semana do Migrante, que teve início no dia 13. O evento é celebrado há 25
anos pelo Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM), organismo vinculado à CNBB. Durante
a Semana, são publicados diversos materiais como cartazes, texto-base, círculos bíblicos,
camisetas. Partindo das sugestões das equipes de base da Pastoral, definem-se, todos
os anos, um tema e um lema. Estes sempre procuram aprofundar o tema da Campanha da
Fraternidade em curso.
Este ano, para celebrar o Dia Mundial do Refugiado e
a Semana do Migrante, a assessora da Pastoral dos Brasileiros no Exterior da CNBB
e diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), irmã Rosita Milesi; e
o pesquisador do IMDH, William Cesar de Andrade, escreveram um artigo que serve como
subsídio para conhecimento e análise, com alguns dados importantes sobre “Migrações
Internacionais no Brasil – Realidade e Desafios contemporâneos”.
De acordo
com o texto, com base no relatório “Ultrapassar barreiras: mobilidade humana e desenvolvimento
humano”, existem hoje em todo o mundo cerca de 200 milhões de migrantes internacionais,
o que representa 9 milhões a mais desde o último relatório. Dentre as causas das migrações
internacionais da atualidade, estão a economia globalizada, a mudança demográfica
em curso nos países de primeira industrialização, o terrorismo, entre outros - relata
o texto.
O artigo traz também dados sobre a imigração no Brasil: de 1836 a
1968, o país abrigou cerca de 1.76 milhão de portugueses, 1.62 milhão de italianos
e cerca de 719 mil espanhóis. Com tantos imigrantes, o Brasil foi obrigado a adotar
o sistema de regularizações migratórias, pleiteadas reiteradamente por vários seguimentos
da sociedade. A última anistia para documentar os imigrantes ilegais no país foi no
ano passado, quando entre 43 e 45 mil imigrantes requereram sua regularização.
Do
total de indagados, cerca de 40% são bolivianos (16.881). Parte deles era explorada
como mão de obra semi-escrava e alvo de traficantes. O segundo lugar ficou com os
chineses (5.492), seguidos pelos peruanos (4.642), paraguaios (4.135), coreanos (1.129),
outros (10.720). O Bispo de Jales (SP) e presidente da Cáritas Brasileira, Dom
Luíz Demétrio Valentini, escreveu uma mensagem por ocasião do Jubileu de Prata do
Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM). O texto foi publicado na véspera da 25ª Semana
do Migrante.
“A trajetória do SPM nestes 25 anos sempre se pautou pela postura
evangélica em favor dos migrantes, lembrando das palavras de Cristo: ‘Fui peregrino
e me acolhestes”, e a afirmação do Deuteronômio: “Meu pai era um arameu errante’”
(Dt 26, 5)'" - diz Dom Demétrio na mensagem. Ele ainda relata que a presença do
SPM "foi muito eficaz para a defesa e conquista dos direitos dos migrantes, na luta
corajosa em favor de condições dignas de trabalho, remuneração justa, moradia e alimentação
adequada, saúde preservada [...] - para uma inserção eclesial e social dos migrantes". (CNBB-CM)