Gaza, 16 jun (RV) – O bloqueio da Faixa de Gaza e “a ocupação” israelense dos
territórios palestinos são “fonte de humilhação para o povo” e “turbam” a vida da
comunidade. É o que afirma à agência AsiaNews Padre Manawel Musallam, ex-pároco da
igreja da Sagrada Família em Gaza, que acrescenta: “aqui não existem diferenças entre
cristãos e muçulmanos, porque sofremos todos da mesma maneira”. O governo israelense
poderia “aliviar” a pressão sobre Gaza, para dar respiro a uma população extenuada
pelo bloqueio. A comunidade internacional multiplica as pressões sobre Tel Aviv, mas
até agora não se registraram ações concretas. Sobre a situação na Faixa de Gaza, Padre
Musallam é categórico: “estamos vivendo sob ocupação – afirma – e somente quando isso
terminar a situação poderá melhorar”.
O sacerdote católico destaca que “não
existem diferenças entre cristãos e muçulmanos, porque sofremos todos da mesma maneira....
sofremos enquanto povo da Palestina”. Ele esclarece que “os cristãos não recebem ameaçadas
dos muçulmanos”, mas o problema está na condição de “humilhação do povo”, cuja existência
foi completamente “alterada”. E lança um alarme: “faltam luz e água”. Todavia, o problema
se amplia a um desenvolvimento geral dos territórios, cujo crescimento encontra-se
bloqueado há anos. “O alimento não falta – continua – mas não há trabalho, portanto
não se consegue ganhar o suficiente para comprar o que comer. O povo não crê no futuro”.
Padre
Musallam denuncia a estratégia adotada por Israel que “se move sem confins” em Jerusalém
“anexando partes do território” procurando transformar a cidade Santa em “cidade judaica”.
Tel Aviv, segundo o religioso, “não leva em consideração o fato que Jerusalém é muçulmana,
cristã e judaica ao mesmo tempo”.
A questão dos confins, dos refugiados palestinos,
dos assentamentos judaicos são ainda problemas sem solução, que condicionam um verdadeiro
caminho rumo à paz e à reconciliação. A propósito de Gaza, Padre Musallam fala de
“situação impossível de se reconciliar” e por isso não é previsível pensar no “retorno
dos refugiados”.
Como representante da comunidade palestina, Padre Musallam
é “favorável ao diálogo” com Israel, mas “queremos ver também passos concretos para
proteger a população”, e antes de tudo, “a abertura das estradas” porque o bloqueio
sufocou a economia da região. Dirigindo-se à comunidade internacional, ele destaca
que “temos necessidade de ações no território e não de falatório”. E acrescenta: “não
podemos nos render, nem abandonar a esperança, apesar de Israel não buscar a paz”.
O
sacerdote explica que “é difícil enviar sinais de esperança” e são muitos os “fatores
que impedem ver a luz no fundo do túnel”. Todavia, conclui, “rezo sempre com os meus
fiéis e digo que não se pode perder a esperança na paz”. (SP)