Salvador, 09 jun (RV) - A exumação do corpo de Ir. Dulce – última etapa antes
que Bento XVI proclame a religiosa baiana bem-aventurada – surpreendeu os membros
da comissão da Igreja Católica que acompanharam o ritual, em Salvador, no dia 27 de
maio. O corpo da religiosa, que morreu em março de 1992, estava mumificado e o hábito
que ela vestia, preservado.
Chamados de "incorruptos", os corpos de santos
e bem-aventurados, por definição, possuiriam a propriedade, considerada miraculosa,
de não se decomporem após a morte, sem que tenham sido usados métodos de embalsamamento
sobre eles.
A incorrupção do corpo é um símbolo, um sinal da ressurreição prometida.
Todos nós professamos a fé de que ressuscitaremos e ressuscitaremos em corpo, não
só em espírito. Esses corpos intactos são um anúncio dessa ressurreição e da incorrupção
final através da fé – afirmou o reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio
de Janeiro, Pe. Jesus Hortal.
O delegado nomeado pelo cardeal-arcebispo de
Salvador, Geraldo Majella Agnelo, para acompanhar a exumação do corpo da religiosa,
Fr. Ruy Lopes, prefere adotar um tom mais comedido para falar sobre o fenômeno.
"Em
princípio, não vemos a conservação do corpo como algo miraculoso, mas sim natural"
– disse o religioso.
Para Fr. Lopes, um momento emocionante após a abertura
do túmulo foi a declaração de uma senhora que trabalha há 40 anos, na sede das Obras
Sociais de Ir. Dulce: "Ao ver aquele rosto mumificado, sem lábios, de coloração marrom
quase negro, Dona Iraci viu a face dos tantos doentes que Irmã Dulce atendia, e disse:
"Ela é agora aqueles a quem acolheu!"
Admiradores da obra de Irmã Dulce acompanharam
a missa solene em homenagem ao "Anjo bom da Bahia", nesta quarta-feira, dia 9, na
Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Largo de Roma, celebrada pelo cardeal-
arcebispo primaz do Brasil, Geraldo Majella Agnelo. O Prefeito João Henrique e o ex-ministro
Geddel Vieira Lima, além de autoridades eclesiásticas, também assistiram à celebração.
O
corpo de Irmã Dulce foi exposto pela última vez, no altar da igreja, durante a missa.
Depois da cerimônia, o corpo foi levado para a Capela das Relíquias, que fica na mesma
igreja, onde teve lugar uma celebração reservada apenas às autoridades eclesiásticas.
Após o ritual, a capela será aberta para visitação pública e a população poderá ver
o túmulo (fechado) onde o corpo do "Anjo bom da Bahia" foi sepultado definitivamente.
Parte das relíquias será transportada para outras cidades brasileiras, de
acordo com a sobrinha de Irmã Dulce e diretora superintendente das Obras Sociais Irmã
Dulce, Maria Rita Pontes.
A transferência das relíquias (parte ou todo o corpo
de bem-aventurados e santos) é a última etapa antes de Bento XVI proclamá-la bem-aventurada.
A beatificação depende da validação do milagre em estudos pela Congregação das Causas
dos Santos. A Santa Sé concedeu o aval jurídico para o milagre em junho de 2003. Irmã
Dulce foi declarada Venerável em abril de 2009. (AF)