Encontro internacional dos sacerdotes, por ocasião do encerramento do Ano Sacerdotal:
intervenções dos cardeais Meisner e Hummes
(9/6/2010) A perda do sacramento da reconciliação é a raiz de muitos males na vida
da Igreja e na vida do sacerdote. Com esta análise o card. Joaquim Meisner, arcebispo
de Colónia, inaugurou esta quarta feira na Basílica de S. Paulo fora de muros o encontro
internacional dos sacerdotes promovido por ocasião do encerramento do ano sacerdotal.
“Uma
das perdas mais trágicas , que a nossa Igreja sofreu, na segunda metade do século
XX, é a perda do Espírito Santo no sacramento da reconciliação, disse o cardeal Meisner
que admoestou: Lá onde o padre já não é confessor, torna-se num agente social religioso.
As maravilhas de Deus nunca acontecem sob os holofotes da historia mundial, explicou,
mas realizam-se sempre de lado, e em particular no segredo do confessionário.
“Quando
o padre se afasta do confessionário, entra numa grave crise de identidade, é a tese
de fundo do relator que identificou o afastamento do sacramento da penitencia, como
uma das causas principais da múltipla crise em que o sacerdócio se veio a encontrar
nos últimos cinquenta anos.
“É necessário que nos levantemos e vamos em missão,
por toda parte”, acrescentou por seu lado o card. D. Cláudio Hummes, prefeito da Congregação
para o clero na homilia da Missa em S. Paulo fora de muros.
Para ele tanto
a descristianização dos países de antiga evangelização, como a nova evangelização
que muitas vezes deverá ser uma verdadeira primeira evangelização, além do primeiro
anúncio de Jesus Cristo nos países e ambientes chamados, em sentido estrito, terras
e ambientes de missão “ad gentes”, mostram a imensidade da obra missionária
a ser realizada ainda. O envio de Cristo ressoa hoje para nós: “Ide por todo mundo
e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15). Os destinatários da missão são
todos, mas de maneira particular os pobres – prosseguiu recordando que hoje são ainda
centenas de milhões de seres humanos obrigados a viver em dura pobreza e até mesmo
na miséria e na fome. São marginalizados e excluídos da mesa dos bens materiais,
sociais, culturais e muitas vezes também da mesa dos bens espirituais. São eles os
primeiros que têm o direito de receber a boa notícia de que Deus é um Pai que os ama
sem reservas e que Ele não aprova as condições desumanas em que os pobres são mantidos,
mas requer que também para eles os direitos humanos sejam reconhecidos, respeitados
e integralmente realizados no concreto.
A evangelização e a verdadeira promoção
humana não podem estar separadas - recordou o Prefeito da Congregação para o Clero
– salientando com as palavras do Papa que o povo pobre das periferias urbanas ou do
campo precisa sentir a proximidade da Igreja, seja no socorro das suas necessidades
mais urgentes, como também na defesa dos seus direitos e na promoção comum de uma
sociedade fundamentada na justiça e na paz.”
Palavra de Deus, Eucaristia e
oração: segundo o carde. D. Cláudio Hummes, são estes os meios para viver e actuar
a vocação sacerdotal.