2010-06-08 14:08:32

IGREJA DA COLÔMBIA DEFENDE MEMÓRIA DE DOM CANCINO


Bogotá, 08 jun (RV) - O Secretário Geral da Conferência Episcopal da Colômbia (CEC), Dom Juan Vicente Córdoba, lamentou que certos personagens manchem a memória de Dom Isaías Duarte Cancino – assassinado no ano 2002 –, a quem recordou como um incansável “apóstolo da paz”.

Em uma entrevista concedida ao jornal colombiano El Tiempo, o prelado saiu em defesa daquele que foi Arcebispo de Cali depois da polêmica desatada por um militar na reserva que o acusou de ter recebido terras dos paramilitares.

Durante um processo ainda aberto sobre a morte de um líder camponês, o general na reserva, Rito Alejo del Rio, disse que Dom Duarte tinha recebido um imóvel dos irmãos Castaño, máximos chefes dos paramilitares e que por isso o bispo foi assassinado.

Dom Córdoba explicou que a entrega se verificou mas em meio de um processo de paz e que tanto o Governo como a Igreja da época sabiam disso.

“Isto foi apresentado como se a Igreja, por ser amiga dos paramilitares, recebeu dádivas para cobri-los ou ajudá-los. Nada mais distante da realidade”, esclareceu Dom Córdoba e recordou que “no meio do conflito em Urabá, nos primeiros anos dos 90, o então Bispo de Apartadó, Dom Isaías Duarte Cancino, entrou em conversações com paramilitares e com as autodefesas, para facilitar as negociações”.

“Ele era de uma grande personalidade, um homem muito ativo, muito sincero, dessas pessoas que vão dizendo as coisas de frente e ao mesmo tempo têm um carisma muito grande para fazer intermediações e logísticas de paz. Nesses diálogos, os irmãos Castaño decidem baixar a tônica da violência e devolver algumas terras, mas dizem que eles não entregavam isso a qualquer um e por isso as doavam à Igreja. Mas este não foi um presente a Dom Isaías.

O Bispo explicou que “a Igreja, com anuência e total informação das autoridades, recebeu um imóvel que se chama La Tamela, um imóvel grande que se escriturou para a Igreja. Dom Duarte começou o processo de entregá-lo aos camponeses e o terminou seu sucessor em Apartadó quando ele foi destinado como Arcebispo de Cali, Dom Germán García, e que morreu há três anos de câncer".

“Hoje, lá, vivem 1.050 famílias. Então, é correto o que o general disse sobre os contatos de Dom Isaías com os paramilitares, mas esses contatos foram para fazer a paz”, indicou o bispo. (SP)







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