Ano Sacerdotal ajudou a redefinir prioridades para os padres de hoje
(8/6/2010) O Simpósio do Clero de Portugal, as iniciativas regionais e locais e o
encontro de Bento XVI com o clero, durante a visita a Portugal, marcam a história
do Ano Sacerdotal, que termina na próxima Sexta-feira, dia 11 de Junho. Para D.
António Francisco dos Santos, que acolheu a convocação do Ano Sacerdotal “com surpresa”,
a mensagem que o Papa dirigiu aos padres de Portugal, na tarde do dia 12 de Maio,
em Fátima, sintetiza as conclusões e os desafios que emergem de um ano Pastoral centrado
na figura do padre. Em entrevista ao Programa ECCLESIA, o Presidente da Comissão
Episcopal Vocações e Ministérios aponta como primeiro desafio deixado pelo Papa Bento
XVI e da fidelidade e da lealdade. Uma mensagem “necessária, oportuna e permanente”
é como classifica D. António Francisco dos Santos o convite do Papa, dando a vida
por inteiro e com generosidade e com alegria. “O Santo Padre foi ao encontro da
vida real de cada um de nós sacerdotes, deixando-nos um apelo a que não nos deixemos
vencer pela rotina e pelo desânimo, mas que vivamos o fascínio de uma vida dada e
renovada diariamente como no dia da nossa ordenação”, afirma. Padres não são
gestores O Papa pediu também aos sacerdotes que não se dispersem por actividades
“não são consentâneas” com o essencial do ministério sacerdotal. “É muito oportuno
fazê-lo para que a vida dosa sacerdotes não se disperse e não se perturbe com actividades
que devem ser assumidas pelos leigos e que podem ser realizadas com muita eficiência
e competência pelos leigos e que libertam os sacerdotes para o essencial do seu ministério
e da sua missão”, indica o Bispo de Aveiro. Exemplos disso são, para D. António
Francisco dos Santos, actividades de gestão de centros sociais: “Nós temos conselhos
económicos, conselhos diocesanos de pastoral que assumem tantas actividades e que
estão despertos, acolhedores, atentos e disponíveis para essa missão e muitas vezes,
pelo hábito e pela tradição com que sempre realizamos esse trabalho, continuamos a
assumi-lo como se fosse imprescindível ser realizado pelos sacerdotes. E não é!” Neste
momento temos de ser corajosos e lúcidos e determinados a procurar centrarmo-nos no
essencial”. O Sacerdote precisa de estar disponível para o acompanhamento espiritual,
para o que é essencial da sua missão”. Para o Bispo de Aveiro, os padres devem
“compreender que os leigos têm espaços que ainda não ocuparam na Igreja e que é necessário
que o assumam. E rapidamente!” “O sacerdote tem de ter tempo privilegiado para
a oração, para o acompanhamento espiritual, para celebrar os sacramentos, para caminhar
com o povo de Deus”. D. António Francisco dos Santos aponta como prioridade no
planeamento da vida dos sacerdotes não estarem tão ocupados e tão dispersos com actividades
que outros membros da comunidade em que o padre está inserido podem assumir”por inteiro
e com eficiência”. Concretizar intuições O Ano Sacerdotal “serviu para
pôr em prática muitas intuições pastorais que íamos tendo ao longo do tempo”. Aos
analisar um Ano – que D. António Francisco dos Santos diz não ter o direito de avaliar,
mas de agradecer – o Presidente da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios assume
que a realização deste projecto proposto pelo Papa constituiu uma oportunidade de
encontro, de reflexão e de valorização da vocação sacerdotal. “Agradeço ao Santo
Padre Bento XVI este projecto que nos deu”. Esse sinal será expresso pela sua presença,
em Roma, no Encontro Mundial de Sacerdotes, que assinala o encerramento do Ano Sacerdotal. A
necessidade de realizar trabalho em rede, em equipa entre os sacerdotes é uma das
intuições que sai reforçada com o Ano Sacerdotal, confirmada pelas mensagens dirigidas
aos sacerdotes por Bento XVI, em Fátima. “Têm de surgir iniciativas em equipa sacerdotal”.
Para D. António Francisco dos Santos, esse é “o caminho do futuro da Igreja”. “Temos
decididamente de dar passos nesse sentido”. “É necessário que cada sacerdote sinta
no outro sacerdote um irmão. Nós sabemo-lo, sentimo-lo, mas é necessário vivê-lo na
proximidade, no tempo que lhes damos, na disponibilidade e na partilha”, refere o
Bispo de Aveiro. “O Santo Padre apontou-nos caminhos que é urgente que saibamos
percorrer”, acrescenta. A formação contínua está também entre os desafios propostos
pelo Papa e sentidos ao longo do Ano Sacerdotal. As iniciativas levadas a cabo
ao longo do Ano Sacerdotal contribuíram, segundo D. António Francisco dos Santos,
para “fazer sentir que os sacerdotes, para lá o tempo do seminário, precisam de uma
formação permanente, que faz uma formação contínua”. O Presidente da Comissão Episcopal
Vocações e Ministérios considera o Ano Sacerdotal “uma bênção”. “Constituiu uma oportunidade
da descoberta e da beleza da vocação sacerdotal”, refere. Iniciativas nacionais
e sobretudo as locais proporcionaram uma mobilização do “povo sacerdotal, que é toda
a Igreja, para uma oração mais intensa pelos sacerdotes e também para suscitar novas
vocações”. A realização do Ano Sacerdotal foi também um contributo para que, diante
da decisão vocacional, seja colocada em consideração também a opção sacerdotal. Para
D. António Francisco dos Santos, não estão em causa mudanças no perfil do sacerdote,
que refere a entrega total, a disponibilidade permanente e a doação de vida como as
características que identificam o ser padre hoje. (Com Ecclesia)