2010-06-06 17:45:34

Redobrar os esforços para construir uma paz efectiva e duradoura para todos os povos da região, foi o pedido de Bento XVI, despedindo-se do Chipre


(6/6/2010) Última etapa desta viagem a Chipre foi a visita do Papa à catedral maronita de Nossa Senhora das Graças, que contém umas trezentas pessoas. Depois de uma saudação do arcebispo maronita de Chipre, também Bento XVI pronunciou uma alocução em que exprimiu a sua “solicitude paternal” para com esta e outras antiquíssimas comunidades cristãs.

“Esta igreja - catedral (disse) simboliza de algum modo a longa e rica – por vezes turbulenta – história da comunidade maronita em Chipre. Os Maronitas chegaram a estas costas, em diversos momentos, ao longo dos séculos, tendo vivido frequentemente sob pressão devido à sua fidelidade ao próprio património cristão. Postos à prova, permaneceram constantes na fé dos seus antepassados. Encorajo-vos, maronitas cipriotas de hoje, a conservar como um tesouro este grande património, dom precioso” – concluiu Bento XVI.



No discurso de despedida, no aeroporto, o Santo Padre, reconhecendo a cordialidade e humanidade dos cipriotas, a beleza da Ilha e a variedade de culturas que ali convivem entre si, não deixou de referir com pesar o facto desta zona do Mediterrâneo oriental se encontrar ensombrada por conflitos. “Redobremos os nossos esforços – pediu – para construir uma paz efectiva e duradoura para todos os povos da região”.



“Chipre tem um papel especial a desempenhar na promoção do diálogo e da cooperação, Actuando pacientemente pela paz no vosso solo e pela prosperidade dos vossos vizinhos, estareis bem colocados para escutar e compreender todos os aspectos das numerosas questões, na sua complexidade, para ajudar os povos a alcançarem uma maior compreensão mútua”.



Dirigindo-se especialmente ao arcebispo ortodoxo de Chipre, Crisóstomo II e outros chefes religiosos, Bento XVI declarou a sua esperança de que esta visita marcará mais um passo em frente no caminho da reconciliação ecuménica entre Católicos e Ortodoxos:



“Espero que esta visita será vista como mais uma etapa no percurso iniciado antes de nós, em Jerusalém, com o abraço entre o Patriarca Atenágoras e o Papa Paulo VI. Esses primeiros passos proféticos indicam-nos o caminho que devemos seguir. Deus chama-nos a sermos irmãos, caminhando humildemente diante do Todo poderoso, lado a lado, na fé, unidos pelos elos indestrutíveis de afecto uns pelos outros.”



Quase a concluir o seu discurso de despedida de Chipre, o Santo Padre não deixou de aludir com pesar e preocupação à dolorosa ferida histórica que constitui a divisão da Ilha, desde 1974, contrapondo a parte sul, cristã, de tradição grega, e a zona norte, turca e de religião muçulmana.



“Permitam-me exprimir uma vez mais, sinceramente, a esperança e a oração de que Cristãos e Muçulmanos se tornem em fermento de paz e reconciliação entre os Cipriotas, servindo também de exemplo para os outros países”.



Encorajando as autoridades da Ilha a “assegurar a todos os cipriotas a paz e a segurança”, o Papa referiu ter contemplado com os seus próprios olhos, da Nunciatura Apostólico onde alojou, a divisão entre as duas partes de Chipre. “Vi com os meus próprios olhos algo da triste divisão da Ilha, e tomei conhecimento da perda de uma parte significativa de um património cultural que pertence a toda a humanidade. Ouvi também cipriotas do norte que desejam regressar em paz a suas casas e lugares de oração, e fiquei profundamente tocado pelas suas argumentações.”



“Não há dúvida de que a verdade e a reconciliação, juntamente com o respeito, hão-de ser a mais sólida base para um futuro de unidade e de paz desta Ilha, e para a prosperidade de toda a população…

Encorajo-vos, e todos os vossos concidadãos, a actuar paciente e incansavelmente, com os vossos vizinhos, para construir um futuro melhor e mais certo para todos os vossos filhos. Podeis contar com as minhas orações pela paz do inteiro Chipre”.

Após o discurso, Bento XVI deitou uma pá de terra sobre uma oliveira, árvore cujos ramos simbolizam a paz, e abençoou-a.
A chegada do Papa a Roma está prevista para as 20h45, hora italiana 







All the contents on this site are copyrighted ©.