Redobrar os esforços para construir uma paz efectiva e duradoura para todos os povos
da região, foi o pedido de Bento XVI, despedindo-se do Chipre
(6/6/2010) Última etapa desta viagem a Chipre foi a visita do Papa à catedral maronita
de Nossa Senhora das Graças, que contém umas trezentas pessoas. Depois de uma saudação
do arcebispo maronita de Chipre, também Bento XVI pronunciou uma alocução em que exprimiu
a sua “solicitude paternal” para com esta e outras antiquíssimas comunidades cristãs.
“Esta igreja - catedral (disse) simboliza de algum modo a longa e rica –
por vezes turbulenta – história da comunidade maronita em Chipre. Os Maronitas chegaram
a estas costas, em diversos momentos, ao longo dos séculos, tendo vivido frequentemente
sob pressão devido à sua fidelidade ao próprio património cristão. Postos à prova,
permaneceram constantes na fé dos seus antepassados. Encorajo-vos, maronitas cipriotas
de hoje, a conservar como um tesouro este grande património, dom precioso” – concluiu
Bento XVI.
No discurso de despedida, no aeroporto, o Santo Padre,
reconhecendo a cordialidade e humanidade dos cipriotas, a beleza da Ilha e a variedade
de culturas que ali convivem entre si, não deixou de referir com pesar o facto desta
zona do Mediterrâneo oriental se encontrar ensombrada por conflitos. “Redobremos
os nossos esforços – pediu – para construir uma paz efectiva e duradoura para todos
os povos da região”.
“Chipre tem um papel especial a desempenhar na
promoção do diálogo e da cooperação, Actuando pacientemente pela paz no vosso solo
e pela prosperidade dos vossos vizinhos, estareis bem colocados para escutar e compreender
todos os aspectos das numerosas questões, na sua complexidade, para ajudar os povos
a alcançarem uma maior compreensão mútua”.
Dirigindo-se especialmente
ao arcebispo ortodoxo de Chipre, Crisóstomo II e outros chefes religiosos, Bento XVI
declarou a sua esperança de que esta visita marcará mais um passo em frente no caminho
da reconciliação ecuménica entre Católicos e Ortodoxos:
“Espero que
esta visita será vista como mais uma etapa no percurso iniciado antes de nós, em Jerusalém,
com o abraço entre o Patriarca Atenágoras e o Papa Paulo VI. Esses primeiros passos
proféticos indicam-nos o caminho que devemos seguir. Deus chama-nos a sermos irmãos,
caminhando humildemente diante do Todo poderoso, lado a lado, na fé, unidos pelos
elos indestrutíveis de afecto uns pelos outros.”
Quase a concluir
o seu discurso de despedida de Chipre, o Santo Padre não deixou de aludir com pesar
e preocupação à dolorosa ferida histórica que constitui a divisão da Ilha, desde 1974,
contrapondo a parte sul, cristã, de tradição grega, e a zona norte, turca e de religião
muçulmana.
“Permitam-me exprimir uma vez mais, sinceramente, a esperança
e a oração de que Cristãos e Muçulmanos se tornem em fermento de paz e reconciliação
entre os Cipriotas, servindo também de exemplo para os outros países”.
Encorajando
as autoridades da Ilha a “assegurar a todos os cipriotas a paz e a segurança”, o Papa
referiu ter contemplado com os seus próprios olhos, da Nunciatura Apostólico onde
alojou, a divisão entre as duas partes de Chipre. “Vi com os meus próprios olhos
algo da triste divisão da Ilha, e tomei conhecimento da perda de uma parte significativa
de um património cultural que pertence a toda a humanidade. Ouvi também cipriotas
do norte que desejam regressar em paz a suas casas e lugares de oração, e fiquei profundamente
tocado pelas suas argumentações.”
“Não há dúvida de que a verdade
e a reconciliação, juntamente com o respeito, hão-de ser a mais sólida base para um
futuro de unidade e de paz desta Ilha, e para a prosperidade de toda a população…
Encorajo-vos,
e todos os vossos concidadãos, a actuar paciente e incansavelmente, com os vossos
vizinhos, para construir um futuro melhor e mais certo para todos os vossos filhos.
Podeis contar com as minhas orações pela paz do inteiro Chipre”.
Após o discurso,
Bento XVI deitou uma pá de terra sobre uma oliveira, árvore cujos ramos simbolizam
a paz, e abençoou-a. A chegada do Papa a Roma está prevista para as 20h45, hora
italiana