Rigor moral para a politica e para a paz: Bento XVI no encontro com autoridades civis
e Corpo Diplomático no Chipre
(5&6/2010) As actividades públicas do Papa foram retomadas este sábado com a visita
ao presidente da República, no Palácio Presidencial de Nicósia, onde decorreu também
o encontro com as autoridades civis e com o Corpo Diplomático
No discurso
proferido nesta ocasião, Bento XVI começou por evocar a figura do arcebispo Makarios,
primeiro presidente de Chipre independente, exemplo de um serviço público empenhado
e dedicado ao bem dos outros. “Trata-se (disse) de uma nobre vocação, estimada pela
Igreja”.
“Como trabalhadores públicos, conheceis a importância
da verdade, da integridade, do respeito nas vossas relações com os outros. As relações
pessoais são muitas vezes o primeiro passo para a construção da verdade e – no momento
justo – sólidos elos de amizade entre indivíduos, povos e nações. Isto é uma parte
essencial da vossa função, seja como políticos seja como diplomatas.”
“Em
países com situações políticas delicadas, relações pessoais assim abertas e honestas
(insistiu o Papa), podem ser o início de um bem muito maior para inteiras sociedades
e povos”.
“A rectidão moral e o respeito imparcial pelos outros e
pelo seu bem-estar são essenciais para o bem de qualquer sociedade, na medida em que
estabelecem um clima de confiança em que os todas as interacções humanas, como também
religiosas, ou económicas, sociais e culturais, ou civis e políticas, adquirem força
e substância”.
Mas “como respeitar e promover, concretamente, a verdade
moral, no mundo da política e da diplomacia?” – interrogou-se o Papa, que sugeriu
três aspectos. Antes de mais, observou, “promover a verdade moral significa agir de
modo responsável tendo como base o conhecimento dos factos”.
Um segundo modo
de promover a verdade moral, para Bento XVI, consiste em “desconstruir as ideologias
políticas que pretendem suplantar a verdade”. As “trágicas experiências do séc. XX”
– recordou o Papa – puseram a nu “a desumanidade a que conduz a supressão da verdade
e da dignidade humana”. E também nos nossos dias, acrescentou ainda, “somos testemunhas
de tentativas de promover pseudo-valores a pretexto da paz, do desenvolvimento e dos
direitos humanos.”
Finalmente, como terceiro aspecto, Bento XVI observou
que “promover a verdade moral na vida pública exige um esforço constante para basear
a lei positiva nos princípios éticos da lei natural”.
“Respeitando
os direitos das pessoas e dos povos, protegemos e promovemos a dignidade humana. Quando
as políticas que apoiamos são aplicadas em harmonia com a lei natural correspondente
à nossa humanidade comum, então as nossas acções tornam-se mais sãs e contribuem para
um ambiente de compreensão, de justiça e de paz”.