ENCONTRO DO PAPA COM AUTORIDADES CIVIS E DIPLOMATAS
Nicósia, 05 jun (RV) - No primeiro ato desta manhã deste sábado o Papa Bento
XVI, junto com o Presidente da República de Chipre, Demetris Christofias, rendeu homenagem
à memória do Arcebispo Makarios que de 1960 a 1977 foi o primeiro Chefe de Estado,
após o fim do colonialismo britânico. De fato, o Papa foi acolhido diante do Palácio
Presidencial pelo Presidente e sua esposa, perto do monumento ao arcebispo Makarios
III diante do qual o Santo Padre depôs uma coroa de flores.
Em seguida o encontro
privado entre o Presidente e o Papa no escritório presidencial e a troca de dons.
O encontro se concluiu com a apresentação da família do presidente e das respectivas
Delegações. Em seguida o Pontífice e o presidente se dirigiram para o jardim do Palácio
onde se encontravam o Corpo Diplomático e as Autoridades civis.
“Momentos atrás
depositei uma coroa de flores – comentou o Papa no discurso às Autoridades civis e
ao Corpo Diplomático – no monumento em memória ao falecido Arcebispo Makarios, primeiro
presidente da República de Chipre. Como ele – exortou o Papa – cada um de nós na vida
de serviço público deve se comprometer a servir o bem dos outros na sociedade, em
nível local, nacional e internacional”.
O serviço à sociedade na política e
na administração do Estado representa, recordou Bento XVI, “uma nobre vocação, muito
estimada pela Igreja”. “Quando realizado com fidelidade, o serviço público – explicou
– nos permite crescer em sabedoria e na realização pessoal”.
Também “Platão,
Aristóteles e os estóicos – continuou o Santo Padre – deram grande importância a tal
realização pessoal como finalidade para cada ser humano, e viram no caráter moral
o caminho para consegui-lo. Para eles, e para os grandes filósofos islâmicos e cristãos
que seguiram os seus passos, a prática da virtude consistia em agir segundo a reta
razão, no prosseguimento de tudo o que é verdadeiro, bom e bonito”.
O Papa
evocou em tal contexto o ensinamento do Papa João Paulo II. “O meu predecessor, o
Papa João Paulo II – disse – escreveu uma vez que a obrigação moral não deveria ser
vista como uma lei que se impõe de fora e que exige obediência, mas sim uma expressão
da sabedoria de Deus, à qual a liberdade humana se submete com prontidão.
Ainda
no seu discurso o Papa dirigiu um pensamento aos diplomatas presentes, reafirmando
que “para favorecer verdadeiramente a paz, os Estados e as suas diplomacias devem
agir de modo responsável com base no conhecimento dos fatos reais”.
“Como
diplomatas os senhores sabem por experiência que tal conhecimento os ajuda a identificar
as injustiças e as recriminações, podendo assim analisar de maneira desapaixonada
as preocupações daqueles que estão envolvidos em uma determinada disputa”.
Segundo
o Santo Padre, “quando as partes conseguem sair do ser modo de ver as coisas, adquirem
uma visão objetiva e integral”. De tal modo, de fato, “todos aqueles que são chamados
a resolver semelhantes disputas são capazes de tomar as justas decisões e de promover
uma genuína reconciliação no momento no qual compreendem e reconhecem a verdade plena
de uma questão específica”.
O Pontífice destacou ainda com força “a importância
da verdade, da integridade e do respeito no âmbito das negociações internacionais”.
“As relações pessoais – observou – são muitas vezes os primeiros passos para construir
confiança e com o passar do tempo, sólidos vínculos de amizade entre indivíduos, povos
e nações. Esta é uma parte essencial – sublinhou o Papa aos presentes – da sua missão,
seja de políticos, seja de diplomatas”.
“Em países com situações políticas
delicadas, um semelhante relacionamento pessoal honesto e aberto pode ser o início
de um bem maior para a sociedade e povos inteiros. Permitam-me – disse o Papa – encorajá-los
a aproveitar as oportunidade oferecidas, seja em nível pessoal, seja em nível institucional,
para construir tais relações e, assim fazendo, promover o bem maior do conjunto das
Nações, e o verdadeiro bem de todos aqueles que os senhores representam”. (SP)