CHINA DIZ QUE MASSACRE NA PRAÇA DA PAZ CELESTIAL AJUDOU A DESENVOLVER PAÍS
Pequim, 03 jun (RV) - Às vésperas do 21º aniversário do massacre na Praça da
Paz Celestial (Tian-nam-men), em Pequim, o Governo chinês voltou a afirmar que as
ações repressivas foram feitas em prol do desenvolvimento do país.
"Chegamos
a conclusões claras em relação ao incidente político e todas as perguntas relacionadas
a ele" – disse a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Jiang Yu, em entrevista
coletiva nesta quinta-feira.
"Com base na experiência das décadas passadas,
o caminho escolhido pela China é adequado às condições nacionais e respeita os interesses
fundamentais do povo chinês" – disse Jiang Yu.
A porta-voz limitou-se
a reiterar suas respostas, diante das contínuas perguntas dos jornalistas em relação
aos fatos ocorridos nos dias 3 e 4 de junho de 1989, quando morreram de 400 a três
mil pessoas; o número das vítimas jamais foi esclarecido.
Nesse sentido,
a organização Chinese Human Rights Defenders (CHRD) pediu a libertação dos
últimos 20 presos políticos que ainda cumprem pena, por terem participado das manifestações
que começaram no dia 15 de abril de 1989, quando os jovens pediam democracia e o fim
da corrupção.
Segundo dados divulgados pelo CHRD, pelo menos 906 manifestantes
foram presos depois do massacre, e deste total, 20 ainda estão detidos. Entre eles
estão Zhu Gengsheng, Li Yujun, Yang Pu e Miao Deshun encarcerados em Pequim, onde
cumprem a sentença a que foram condenados: pena de morte com suspensão, por provocarem
incêndios.
A organização também exige que a polícia deixe de perseguir
e deter os dissidentes que continuam reivindicando justiça para os mortos, a cada
aniversário do massacre. É o caso, por exemplo, do advogado de direitos humanos Teng
Biao, do jornalista Wang Debang e do ativista Yang Hai, além de uma longa lista de
dissidentes.
A porta-voz chinesa também evitou responder à carta aberta
enviada na quarta-feira, pela associação Mães da Praça da Paz Celestial, que reúne
cerca de 100 familiares de mortos e feridos. No documento, eles pedem que o Governo
publique uma lista oficial de mortos, indenize os familiares das vítimas e processe
os responsáveis políticos.
O massacre da Praça da Paz Celestial é tão
censurado na China, que as gerações nascidas nas décadas de '80 e '90 desconhecem
totalmente que o atual regime comunista ordenou ao exército que disparasse contra
centenas de estudantes desarmados, em 1989. (AF)