Havana, 02 jun (RV) - O Arcebispado de Havana, em Cuba, confirmou ontem a transferência
de seis presos políticos a suas províncias de origem, como resultado do diálogo com
o governo de Raúl Castro.
Os presos transferidos são Félix Navarro, Antonio
Díaz, Diosdado González, Iván Hernández, José Luis García Paneque e Arnaldo Ramos.
Com outros 69 opositores, eles foram condenados em abril de 2003, depois de serem
acusados de atentar contra a segurança do Estado e a soberania econômica da Nação.
O comunicado destaca que o Arcebispo de Havana, Cardeal Jaime Ortega y Alamino,
foi informado pelas autoridades destas seis transferências na tarde de terça-feira.
Raúl
Castro se reuniu com o Cardeal e com o Presidente da Conferência Episcopal Cubana,
Dom Dionisio García, em 19 de maio passado, quando ficou acertada a transferência
de 17 presos para suas províncias e o atendimento em hospitais de outros 25 detentos.
A
decisão ocorre no momento em que Cuba enfrenta críticas pela morte do preso político
Orlando Zapata, em 23 de fevereiro, ao final de uma greve de fome de 85 dias, e pelo
jejum voluntário mantido pelo sociólogo dissidente Guillermo Fariñas, internado em
um hospital cubano.
Todavia, a notícia foi recebida com cautela por defensores
dos Direitos Humanos. O próprio Fariñas classificou a transferência como um "passo
louvável, porém insuficiente". Já a líder das Damas de Branco, Laura Pollán, manifestou
a gratidão do grupo pelo envolvimento da Igreja Católica como mediadora neste processo.
Em coletiva de imprensa, o Cardeal Ortega y Alamino afirmou que se trata de
uma situação ainda não concluída, acrescentando que a Igreja espera que esta medida
provoque a libertação dos presos.
O Arcebispo de Havana disse ainda que o
diálogo com o Governo cubano não está relacionado com a visita, este mês, do Secretário
das Relações com os Estados da Santa Sé, Dom Dominique Mamberti, à ilha caribenha.
(BF)