Jacarta, 31 mai (RV) – A comunidade cristã na Indonésia expressa preocupação
pelo crescente clima de intolerância no país: em particular, de janeiro a maio foram
cerca de 20 as igrejas objeto de ataques ou de outras formas de hostilidade, como
o fechamento forçado ou a não concessão da permissão por parte das autoridades civis
para a construção de novos edifícios devido a supostas irregularidades administrativas.
Sobre
o problema falou-se durante um encontro entre o Subsecretário para a Democracia e
os Serviços Gerais junto ao Departamento de Estado dos Estados Unidos, Maria Otero,
e os representantes do organismo inter-religioso Indonesian Committee on Religion
for Peace (Icomrp), realizado nos dias passados em Jacarta.
O representante
dos cristãos, Theophilus Bela, que também é Secretário-Geral do Indonesian Committee
on Religion for Peace, apresentou uma relatório a ser submetido à atenção do Governo
dos Estados Unidos sobre a difícil situação em que vivem as comunidades. “No relatório
– explicou Bela – eu denunciei todos os casos de igrejas danificadas por ataques,
fechadas ou que foram revogadas as permissões para a realização de funções religiosas.
Além do mais, eu descrevi as dificuldades para a construção de novos edifícios de
culto”.
O Secretário-Geral do Icomrp fez votos de que o dossier seja apresentado
ao Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, acrescentando que uma visita do Presidente
Obama ao país asiático “ajudaria” a melhorar as relações entre as comunidades religiosas”,
sobretudo na província de West Java, onde se concentram maiormente as tensões.
Ao
apelo do representante católico se uniu a voz moderada do líder da Muhammadiyah, a
segunda maior organização islâmica do país, Din Syamsuddin, que pediu aos muçulmanos
“que não sejam reacionários demais”.
O Bispo de Bandung, Dom Johannes Maria
Trilaksyanta Pujasumarta, em relação à situação dos cristãos na província de West
Jawa, sublinhou: “Queremos viver e contribuir para tutelar a harmonia social e as
religiões. Estamos conscientes de que a Indonésia tem uma Constituição que reconhece
os nossos direitos e que todos devem respeitar também os grupos extremistas muçulmanos”.
O bispo recordou que estão em vigor dois decretos ministeriais que pedem às autoridades
provinciais que garantam a harmonia entre as comunidades religiosas, mas, acrescentou,
que “muitas autoridades são alvos fáceis das pressões dos grupos fundamentalistas
que se dobram às suas vontades, acolhendo as solicitações dos mesmos”. (SP)