Lethem, 30 mai (RV) - “Queremos assumir, no caminho da pequenez e na comunhão,
o compromisso de fortalecer uma ação integrada para garantir o direito à saúde às
populações destas três fronteiras”.
Este é o compromisso assumido pelas chamadas
Igrejas de Fronteiras, formadas pela Guiana (Inglesa), Venezuela e Brasil, cuja reunião
de três dias terminou quarta-feira, 26, na cidade de Lethem, na Guiana. O compromisso
está na “Carta Mensagem” do encontro que reuniu 66 pessoas dos três países.
Estavam
presentes os bispos Dom Francis Alleyne de Georgetown, na República Cooperativa da
Guiana; Dom Jesus Guerrero, do Vicariato de Caroní, na Venezuela e Dom Roque Paloschi
de Roraima, no Brasil, além de religiosos e leigos. A metade dos participantes era
de brasileiros de Roraima e de Manaus.
A assessora da Comissão para a Amazônia,
Ir. Maria Irene Lopes, participou do encontro e disse ter ficado impressionada com
a pobreza na Guiana e Venezuela, especialmente na área da saúde. “Eles (Guiana e Venezuela)
se apóiam muito em Roraima, especialmente na questão da saúde” - disse.
Irmã
Irene visitou, em Roraima, a Casa de Saúde do Índio (Casai), que acolhe indígenas
da Guiana e da Venezuela. “As condições da Casai não são boas. Numa sala pequena há
mais de 30 redes, que são distribuídas aos índios conforme a etnia. A enfermaria tem
apenas uma cama. Um cacique reclamou muito comigo das péssimas condições do local”
- conta a religiosa.
Segundo a Irmã Irene, a migração e a comunicação também
são um desafio muito forte na região. “O povo da Guiana só fala inglês. Os que vão
a Roraima em busca de tratamento de saúde têm muita de dificuldade de se comunicar
por causa da língua” - explica.
Para a Irmã Irene a Igreja sozinha não consegue
resolver os problemas; é preciso um esforço conjunto dos três países para mudar a
situação. “Se ficar só com a Igreja, a ação perde força” - disse.
Os participantes
da reunião em Lethem aprovaram uma carta em que as Igrejas assumem o compromisso de
organizar encontros e seminários nos três países para discutir a questão da saúde,
incentivando a medicina tradicional dos povos. Uma equipe com uma pessoa de cada país
foi formada para acompanhar o projeto.
“A Igreja no Brasil precisa dar mais
atenção às Igrejas presentes nas fronteiras. Escutando os bispos, vi que há necessidade
demais” - destaca a assessora da Comissão para a Amazônia. (CNBB-CM)