2010-05-29 12:38:17

PAPA: PE. MATTEO RICCI, HUMANISMO, SABEDORIA E VERDADE DE DEUS


Cidade do Vaticano, 29 mai (RV) - O Papa recebeu esta manhã um grupo de 7 mil fiéis peregrinos das Dioceses da região das Marcas (Macerata-Tolentino-Recanati-Cingoli-Treia), que celebram neste mês de maio 400 anos da morte de Pe. Matteo Ricci (Macerata, 6 de outubro de 1552 — Pequim, 11 de maio de 1610).

Padre Matteo Ricci foi um sacerdote jesuíta, estudioso de astronomia e matemática e cartógrafo conhecido por sua atividade missionária na China da dinastia Ming. A ele é atribuída a introdução do cristianismo na China.

Em tempos em que os Ocidentais eram vistos no Império chinês como intrusos de índole preguiçosa, Pe. Ricci gozava de grande estima na capital e na corte. Prova disso foi o extraordinário privilégio, impensável para um estrangeiro, de ser sepultado no país. Hoje, pode-se ainda venerar seu túmulo, totalmente restaurado, em Pequim.

Na Sala Paulo VI, Bento XVI cumprimentou todos os Bispos, autoridades e membros da Companhia de Jesus, inclusive o Prepósito Geral, Pe. Adolfo Nicolas. Surpreendendo os presentes, iniciou seu discurso proferindo uma saudação em chinês.

O Papa disse que essa é uma ocasião para descobrir e aprofundar a obra do missionário e após citar seus méritos científicos, o definiu como uma “feliz síntese entre anúncio do Evangelho e diálogo com a cultura do povo a quem o leva: um exemplo de clareza doutrinal e prudente ação pastoral”.

Na China, Pe. Ricci não só aprendeu a língua, mas assumiu o estilo de vida e costumes até ser aceito pelos chineses e visto como ‘Mestre do grande Ocidente’. Hoje, no Museu do Milênio, em Pequim, somente dois estrangeiros são recordados como parte da história local: Marco Polo e Pe. Matteo Ricci.

No fulcro de seu discurso, o Papa recordou a perspectiva com a qual o missionário italiano se relacionou com o mundo e a cultura chinesas: o humanismo que considera a pessoa inserida em seu contexto, que cultiva valores morais e espirituais, que colhe o positivo da tradição chinesa e que se oferece para enriquecê-lo com a sabedoria e a verdade de Cristo.

Pe. Ricci não foi à China para levar a ciência e a cultura do Ocidente, mas sim o Evangelho; para apresentar Deus:

“E justamente neste momento, Pe. Ricci respondeu ao quesito mais amplo e o encontro motivado pela fé se transformou em diálogo entre culturas; um diálogo desinteressado, livre de ambições de poder econômico ou político, vivido na amizade, que fez da obra do missionário e de seus discípulos um dos pontos mais altos e felizes na relação entre a China e o Ocidente”.

Em chinês, Pe. Ricci escreveu o eloquente “Tratado da Amizade”, em 1595. Ao levar ao coração da cultura e da civilização da China a herança da reflexão clássica greco-romana e cristã sobre a própria amizade, nesta obra o missionário definia o amigo como “metade de mim mesmo, aliás, outro eu”. Por conseguinte, “a razão de ser da amizade é a necessidade recíproca e a ajuda mútua”.

Bento XVI recordou sua relação com os quatro ‘célebres convertidos’, pilares da nascente Igreja chinesa. Eles ajudaram o jesuíta italiano na tradução de obras de geometria, astronomia e cartografia, que possibilitaram a reforma do calendário chinês e a reedição do mapa-múndi, oferecendo ao chineses uma nova imagem do globo.

Recordando o Dia de Oração pela Igreja na China e pelo povo chinês (24 de maio), o Pontífice auspiciou que estes homens de Deus sejam de estímulo e encorajamento para viver com intensidade a fé cristã no diálogo com as culturas diversas na certeza de que em Cristo se realiza um verdadeiro humanismo, aberto a Deus, rico de valores morais e espirituais e capaz de responder aos anseios mais profundos da alma humana.

E encerrando o discurso, disse:

“Assim como o Pe. Matteo Ricci, eu também expresso hoje a minha profunda estima ao nobre povo chinês e à sua cultura milenar, certo de que hoje, um novo encontro com o Cristianismo produzirá muitos bons frutos, como naquele época ocasionou a pacífica convivência entre os povos”.
(CM)







All the contents on this site are copyrighted ©.