2010-05-28 12:46:48

PAPA: ESTADOS NÃO OMITAM RESPONSABILIDADE PELOS MIGRANTES


Cidade do Vaticano, 28 mai (RV) - “Em uma convivência humana bem constituída e eficiente, é fundamental o princípio de que cada ser humano é pessoa; isto é, natureza dotada de inteligência e vontade livre. Por essa razão, possui em si mesmo direitos e deveres, que emanam direta e simultaneamente de sua própria natureza. Trata-se, por conseguinte, de direitos e deveres universais, invioláveis, e inalienáveis”.

Este trecho da Encíclica Pacem in terris, escrita em 1963 por João XXIII, norteou o discurso proferido por Bento XVI, esta manhã, aos membros do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes. Eles participaram da Plenária Anual do organismo, nos dois últimos dias, e debateram sobre a Pastoral da mobilidade humana no contexto da co-responsabilidade dos Estados e Organismos Internacionais.

Para o Papa, o principal compromisso das Instituições seria tomar decisões concordadas e comprometidas com a família dos povos, em seu inteiro. Infelizmente, porém, muitas vezes há omissões ao assumir responsabilidades; e permanece comum a convicção de não abater muros de divisão e estabelecer acordos.

Bento XVI defendeu a adoção de leis e normas para favorecer a integração, o intercâmbio e o enriquecimento recíproco.

“Perspectivas de convivência entre os povos podem ser oferecidas somente mediante atitudes atentas e esforços comuns para a acolhida e a integração, permitindo o ingresso na legalidade, favorecendo o justo direito de reintegração familiar, asilo e refúgio, compensando as medidas restritivas e contrastando o tráfico de pessoas”.

Os direitos fundamentais da pessoa podem ser o foco principal do compromisso de co-responsabilidade das instituições. A este ponto, o Papa se referiu à sua Encílica Caritas in veritate, relacionando tal engajamento com “a abertura à vida, centro do verdadeiro desenvolvimento”.

Naturalmente, a abertura à vida e os direitos da família devem ser reafirmados “em todos os contextos e na dimensão da família humana, ou seja, a comunidade dos povos e das nações”.

Bento XVI afirmou que o futuro de nossas sociedades se sustenta no encontro entre os povos, no diálogo entre as culturas, no respeito das identidades e das legitimas diferenças. É neste cenário que a família mantém o seu papel fundamental. E é por isso que a Igreja, com o anúncio do Evangelho de Cristo em todos os campos, leva avante o seu o compromisso a favor não só do indivíduo migrante, mas também da sua família, lugar e recurso da cultura da vida e fator de integração de valores.

Bento XVI terminou seu discurso enaltecendo o papel da pastoral dos migrantes, um setor em expansão que requer respostas concretas de solidariedade e acompanhamento.

Enfim, invocou a luz do Espírito Santo e a materna proteção de Maria, renovando seu agradecimento pelo serviço que prestam a Igreja e à sociedade; e invocando a inspiração do bem-aventurado Giovanni Battista Scalabrini, definido por João Paulo II “Pai dos migrantes”, para iluminar a sua ação a favor dos migrantes e itinerantes.
(CM)







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