PAPA: ESTADOS NÃO OMITAM RESPONSABILIDADE PELOS MIGRANTES
Cidade do Vaticano, 28 mai (RV) - “Em uma convivência humana bem constituída
e eficiente, é fundamental o princípio de que cada ser humano é pessoa; isto é, natureza
dotada de inteligência e vontade livre. Por essa razão, possui em si mesmo direitos
e deveres, que emanam direta e simultaneamente de sua própria natureza. Trata-se,
por conseguinte, de direitos e deveres universais, invioláveis, e inalienáveis”.
Este
trecho da Encíclica Pacem in terris, escrita em 1963 por João XXIII, norteou o discurso
proferido por Bento XVI, esta manhã, aos membros do Pontifício Conselho da Pastoral
para os Migrantes e os Itinerantes. Eles participaram da Plenária Anual do organismo,
nos dois últimos dias, e debateram sobre a Pastoral da mobilidade humana no contexto
da co-responsabilidade dos Estados e Organismos Internacionais.
Para o Papa,
o principal compromisso das Instituições seria tomar decisões concordadas e comprometidas
com a família dos povos, em seu inteiro. Infelizmente, porém, muitas vezes há omissões
ao assumir responsabilidades; e permanece comum a convicção de não abater muros de
divisão e estabelecer acordos.
Bento XVI defendeu a adoção de leis e normas
para favorecer a integração, o intercâmbio e o enriquecimento recíproco.
“Perspectivas
de convivência entre os povos podem ser oferecidas somente mediante atitudes atentas
e esforços comuns para a acolhida e a integração, permitindo o ingresso na legalidade,
favorecendo o justo direito de reintegração familiar, asilo e refúgio, compensando
as medidas restritivas e contrastando o tráfico de pessoas”.
Os direitos fundamentais
da pessoa podem ser o foco principal do compromisso de co-responsabilidade das instituições.
A este ponto, o Papa se referiu à sua Encílica Caritas in veritate, relacionando tal
engajamento com “a abertura à vida, centro do verdadeiro desenvolvimento”.
Naturalmente,
a abertura à vida e os direitos da família devem ser reafirmados “em todos os contextos
e na dimensão da família humana, ou seja, a comunidade dos povos e das nações”.
Bento
XVI afirmou que o futuro de nossas sociedades se sustenta no encontro entre os povos,
no diálogo entre as culturas, no respeito das identidades e das legitimas diferenças.
É neste cenário que a família mantém o seu papel fundamental. E é por isso que a Igreja,
com o anúncio do Evangelho de Cristo em todos os campos, leva avante o seu o compromisso
a favor não só do indivíduo migrante, mas também da sua família, lugar e recurso da
cultura da vida e fator de integração de valores.
Bento XVI terminou seu discurso
enaltecendo o papel da pastoral dos migrantes, um setor em expansão que requer respostas
concretas de solidariedade e acompanhamento.
Enfim, invocou a luz do Espírito
Santo e a materna proteção de Maria, renovando seu agradecimento pelo serviço que
prestam a Igreja e à sociedade; e invocando a inspiração do bem-aventurado Giovanni
Battista Scalabrini, definido por João Paulo II “Pai dos migrantes”, para iluminar
a sua ação a favor dos migrantes e itinerantes. (CM)