Brasília, 28 mai (RV) - Divulgado ontem no site /a> o Relatório da Anistia Internacional sobre os Direitos Humanos 2010
demonstra que apesar do esforço do governo brasileiro em garanti-los, pouco do que
é prometido se torna realidade.
A maior denúncia é que continuam existindo
no Brasil execuções extrajudiciais promovidas por policiais, torturas em presídios
e ataques a indígenas e camponeses, entre outros problemas.
“As violações persistem
precisamente pela falta de prestação de contas, algo central ao conceito de direitos
humanos. Prestar contas significa que os governos devem ter a obrigação de mostrar
que suas políticas produziram os resultados prometidos” - ensina a carta da Anistia
Internacional.
Embora o Brasil tenha avançado no tema, segundo a ONG, os brasileiros
mais pobres continuam sendo privados de direitos humanos fundamentais. O texto cita
explicitamente que os povos indígenas, trabalhadores sem terra e pequenas comunidades
rurais continuam a ser ameaçados e atacados.
Anistia denuncia o aumento das
milícias, grupos armados formados na maior parte por policiais fora de serviço, que
se aproveitam de seu poder sobre as comunidades para obter vantagens econômicas e
políticas ilícitas.
Também a situação nos cárceres continua ruim: detentos
são mantidos em condições cruéis, desumanas ou degradantes; a tortura é utilizada
regularmente como método de interrogatório, de punição, de controle, de humilhação
e de extorsão. Além disso, há os problemas da superlotação, do controle das penitenciárias
por gangues, da violência entre os prisioneiros e dos altos níveis de corrupção.
Violações
de direitos humanos são freqüentes na questão da posse da terra. Segundo a Comissão
Pastoral da Terra (CPT), entre janeiro e meados de novembro de 2009, 20 pessoas foram
assassinadas em conflitos fundiários no Brasil. O relatório cita violações de direitos
dessa natureza no Rio Grande do Sul e no Maranhão.
No setor agrícola, constatou-se
que milhares de trabalhadores são mantidos em condições análogas à escravidão, apesar
dos grandes esforços para combater essa prática. Em novembro passado, em decisão significativa,
um juiz federal do Pará sentenciou 27 pessoas a penas de prisão por utilizarem trabalho
escravo.
O Mato Grosso Sul continuou a ser foco de abusos graves contra os
direitos humanos dos povos indígenas no Brasil, assim como Roraima, e a reserva Raposa
Serra do Sol é exemplo disso.
O Relatório Anual sobre Direitos Humanos foi
enviado pela Anistia Internacional com uma carta aos três principais pré-candidatos
à Presidência da República: Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva. O objetivo
da ONG é pedir que eles se comprometam publicamente com os direitos humanos e garantam
prioridade à questão caso sejam eleitos.
A carta também pede apoio dos pré-candidatos
ao 3º Plano Nacional de Direitos Humanos:
“Direitos humanos são mecanismos
de que dispõem todos os cidadãos para garantir que tenham serviços de saúde efetivos,
educação adequada, segurança em suas comunidades, bem como a liberdade de expressarem
suas crenças sem medo de repressão ou de represálias nas mãos de agentes do Estado”
- diz a carta encaminhada aos políticos. (CM)