Cartum, 27 mai (RV) - O presidente sudanês Omar al-Bashir, eleito em abril
nas primeiras eleições pluripartidárias em mais de vinte anos, condenado pela Corte
Penal Internacional por crimes contra a humanidade em Darfur, começa hoje seu mandato
no país, abalado por uma sangrenta guerra civil desde 2003.
Está prevista a
presença de poucos chefes de Estado na posse e a anunciada participação de representantes
da ONU e da União Africana na cerimônia de posse causou indignação nas organizações
de defesa dos direitos humanos.
À complexa situação étnica, cultural e política,
somam-se a impossível paz em Darfur e as aspirações do Sul para a independência.
Para o Bispo de Obeid (Suam), Dom Macram Gassis, a vitória de Al Bashir, pode
fazer rebrotar a violência no país, conflitos sectários não contribuiriam para nada
ao futuro do Sudão, já punido com tantos anos de guerra.
O Bispo denunciou
que o Exército de Liberação e os militares em Cartum estão se armando: “Apenas mais
um disparo e voltaremos para o bosque, onde muitas pessoas viveram durante os 21 anos
de guerra civil” - alertou.
A respeito deste risco, Dom Gassis assinalou: “Estamos
nas mãos de Deus. Pedimos a Deus que nos salve disto e da volta às armas, que não
solucionam o problema. Não sabemos qual será a solução, mas seguimos rezando, estamos
em Suas mãos, somos Seus filhos”.
Desde 2003, os combates nesta região deixaram
300 mil mortos, segundo as estimativas da ONU, 100 mil de acordo com Cartum e 2,7
milhões de desalojados. (CM)