Cidade do Vaticano, 24 mai (RV) - O atual processo de destruição do meio ambiente
pode ser irreversível, e nossa atitude em relação ao ecossistema tem efeitos também
sobre o combate à pobreza. Esta é uma das conclusões emersas no relatório publicado
pela ONU em coincidência com o Dia da Biodiversidade, celebrado em 22 de maio. O documento
das Nações Unidas se baseia em 110 estudos sobre a biodiversidade e aponta três ecossistemas
ameaçados de danos irreparáveis; um dos quais é a Amazônia.
Além da nossa
floresta tropical amazônica, a destruição dos recifes de coral teria graves consequências
para todas as formas de vida na Terra, aponta o relatório. O documento (Panorama Global
de Biodiversidade - Global Biodiversity Outlook ou GBO-3) adverte ainda que a redução
das populações de peixes contribui para a multiplicação crescente de algas, o que
poderá saturar os lagos de água doce. Por fim, o aumento da temperatura da água em
todo o globo e a acidificação dos mares são graves ameaças para os recifes de coral
nos trópicos.
Para o diretor executivo do Programa das Nações Unidas para o
Meio Ambiente, Achim Steiner, “diversos países são cegos para a enorme influência
da biodiversidade e o seu papel no funcionamento dos ecossistemas. Isso afeta tanto
as florestas e as reservas de água potável, como o solo, os oceanos e a atmosfera.
Precisamos da biodiversidade mais do que nunca em um planeta que hoje tem 6,8 bilhões
de pessoas e em 2050 terá 9 bilhões” - alertou Steiner.
Enfim, o relatório
conclui que a meta de reduzir significativamente a extinção de espécies até 2010,
traçada por ocasião da cúpula internacional de desenvolvimento sustentável de Johanesburgo,
em 2002, não foi alcançada nem de longe, por país nenhum.
Por ocasião da
divulgação do documento, o Secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki Moon, exigiu
que o problema recebesse prioridade em todos os âmbitos e setores econômicos nos quais
decisões urgentes são necessárias.
Mais de um bilhão de pessoas dependem da
pesca como principal fonte de alimentação; e hoje, 80% da população de peixes está
ameaçada. Do mesmo modo, cerca de 1,6 bilhão de pessoas sobrevive com a exploração
da madeira; contudo, a cada ano desaparecem 13 milhões de hectares de floresta.
São
Paulo recordou a data hospedando o ambientalista americano Thomas Lovejoy, diretor
do Instituto John Henz e consultor do Banco Mundial para sustentabilidade, que ofereceu
palestra no Palácio dos Bandeirantes.
Otimista, o cientista acredita que “é
preciso encarar esses resultados como oportunidades para melhorar, estudar ainda mais
a biodiversidade, criar soluções para a saúde e para a economia e encontrar uma forma
de explorar a biodiversidade de forma sustentável.
Lovejoy foi o responsável
pela revisão da terceira edição do estudo Global Biodiversity Outlook (GBO) em sua
passagem pelo Brasil apresentou os resultados do documento, que está sendo lançado
em português pelo Ministério do Meio Ambiente. (CM)