Consulta pós-sinodal "Um novo Pentecostes para a África". De Maputo (Moçambique),
a enviada da RV, Dulce Araújo
Iniciou domingo 23 de Maio, com uma celebração liturgica, no Pavilhão do Maxaquene,
na Baixa do Maputo, a Consulta Pós-sinodal “Um Novo Pentecostes para a África”. Organizado
pela Cáritas África e o SECAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África) o encontro
pretende encontrar a forma de tornar efectiva e eficaz as proposições da segunda
Assembleia Especial do Sinodo dos Bispos para a África realizado no Vaticano em Outubro
de 2009. Na celebração liturgica do domingo de Pentecostes, presidida pelo Cardeal
Peter Turkson, Presidente do Conselho Pontíficio Justiça e Paz, participaram, para
além de bispos moçambicanos e de alguns outros países da África, diversos padres e
delegados no encontro. Entre os milhares de fieis encontravam-se diversos representes
politicos moçambicanos e o antigo Presidente do país, Joaquim Chissano com a esposa.
====
Domingo de Pentecostes. A escolha não podia ser
melhor para a abertura da consulta pós-sinodal “Um novo Pentecostes para a África”.
Para os cerca de 5 mil fiéis congregados no Pavilhão desportivo do Maxaquene para
a liturgia, a ideia ficou clara: A África precisa da força do Espírito Santo para
se reconciliar consigo própria e encontrar o caminho do verdadeiro progresso para
todos. Ao celebrar o Pentecostes Jesus quis, de facto, que Igreja deixasse de ser
restrita e se tornasse um instrumento de salvação para todos. É o que quer ser a Igreja
hoje em África. É o que o Sinodo quis que fosse. É o que este encontro do Maputo quer
ser: “um novo Pentescostes”. Quer dizer uma Igreja capaz de unir todos os filhos e
filhas da África numa causa comum: o bem-estar para todos. E isto não obstante as
diferenças étnicas, politicas, sociais, culturais, vocacionais, como aliás proclamava
uma das leiturs do dia. A mensagem é para todos e para cada um. Os bispos viveram-na
no Sinodo. Agora querem fazê-la chegar a cada um dos africanos. A missa no Pavilhão
do Maxaquene foi prova disto: o Sinodo está a chegar à base. As camisolas brancas
com o emblema do SECAM evocando o tema do Sinodo: “A Igreja em África ao serviço da
Reconciliação, da Justiça e da Paz” ondulavam nos corpos dançantes da grande maioria
dos milhares de fieis nessa celebração liturgica que foi uma festa bem à maneira africana:
Cânticos ritmados em diversas linguas e danças liturgicas com as mãos que se erguiam
ao Céu em acção de graças e louvor a Deus. Danças a que, a uma dada altura, se associaram
também alguns padres e mesmo fieis europeus. Em volta da abóboda redonda do Pavilhão
grandes panos vermelhos, como as cores liturgicas da festa do Pentecostes, se alternavam
com outros brancos em que se lia nas nas três linguas oficiais da África: “ vós sois
o sal da terra, vós sois a luz do mundo”. E por cima do altar como que a descer sobre
a Igreja ali presente uma grande pomba branca, simbolo do Espírito Santo. Enfim, tudo...
símbolos, palavras, estavam aí para ajudar a compreender o significado profundo do
Pentecostes para a África de hoje; essa mãe-África dolorida, dilacerada, desintegrada
que vê os seus filhos morrer ou então partir como refugiados e emigrados, porque,
não obstante as suas riquezas humanas e materiais não consegue garantir-lhe uma vida
digna. A África precisa duma reconciliação total para ser uma África-família -disse
D. Francisco Sílota, na homilia pronunciada em português, francês, inglês. Para o
bispo de Chimoio e segundo vice-presidente do SECAM este encontro do Maputo quer ser
um tempo de reflexão sobre o que fazer para ajudar a mãe África a acolher os seus
filhos, para que se levante, para que o tão decantado renascimento deixe de ser um
sonho e se torne realidade. Isto só é possível com a ajuda do Espirito Santo, concluiu
D. Francisco. E para que nada ficasse abstracto, o Cardeal Peter Turksun que presidiu
à Eucaristia, convidou os presentes a fazer uma experiência directa do Espirito Santo:
“Levantai a vossa mão direita, colocai-a em frente da boca e pronunciai o vosso nome:
o que sentis? O sopro responderam todos... É esse ar o poder do alto que ilumina os
nossos corações e nos faz proclamar as suas maravilhas. Permitamos que isto aconteça
em cada um de nós – recomendou.
Não resta, portanto, que esperar que o Espirito
Santo, desça nesta segunda-feira sobre os mais de 100 delegados das diversas cáritas
da África e das comissões regionais justiça e paz assim como os parceiros doutras
partes do mundo para que encontrem estratégias adequadas para levar a mãe-África ao
desenvolvimento integral dos seus povos. O lugar onde a reunião se realiza é simbolico:
um novo local das Irmas Franciscanas Hospitalares, artifices, juntamente com umas
60 famílias vítimas das terríveis cheias do ano 2000, e a solidariedade internacional
da criação do bairro Momemu, na zona de Marraquene, cerca de 40 km a Sul de Maputo.
Aí essas famílias se instalaram e vivem de diversas actividades, caminhando para o
progresso.
Do Marraquene para a Radio Vaticano, Dulce Araújo.