DALAI LAMA "CONVERSA" COM CHINESES ATRAVÉS DO TWITTER
Nova York, 22 mai (RV) - O Dalai Lama Tenzin Gyatso, líder religioso e político
tibetano exilado, conseguiu responder a perguntas de internautas chineses, usando
a rede social Twitter, e mostrou que tem esperanças de melhoras na situação futura
do Tibete.
Foi a primeira ocasião na qual o Prêmio Nobel da Paz-1989 manteve
contato com um grupo numeroso de cidadãos da China, embora não se saiba quantas pessoas
tenham conseguido acompanhar a conversa, já que o Twitter foi bloqueado pela censura
oficial de Pequim.
O Dalai Lama respondeu de Nova York a algumas das mais
de 1.200 perguntas que recebeu através da página, no Twitter, de Wang Lixiong, um
intelectual chinês que tem postura crítica diante do regime comunista.
"Acho
que num futuro não muito distante, haverá mudanças e os problemas se resolverão –
afirmou o líder tibetano, que precisou utilizar respostas breves, já que o Twitter
não permite mais de 140 caracteres por post.
O Dalai Lama destacou que suas
críticas e suas demandas de maior autonomia para o Tibete são endereçadas aos dirigentes
da China e não aos cidadãos. O Governo cria as tensões, não o povo – sublinhou ele.
Nos últimos anos, foram realizadas várias rodadas de conversações entre o
Partido Comunista da China (PCCh) e representantes do Dalai Lama, embora com poucos
resultados. As críticas da China contra o Dalai Lama aumentaram, depois das revoltas
tibetanas de março de 2008, as piores em 20 anos, quando Pequim afirmou que pessoas
próximas ao líder budista organizaram os distúrbios de maneira premeditada, aproveitando
a proximidade dos Jogos Olímpicos de Pequim.
O Twitter está censurado na China
há um ano, quando essa ferramenta e outras como Facebook e YouTube foram bloqueadas,
coincidindo com as revoltas uigures em Xinjiang (ao norte do Tibete) e as tensões
por ocasião do cinquentenário da fuga do Dalai Lama para a Índia, onde vive exilado
até hoje, em Dharamsala.
No entanto, muitos cidadãos chineses conseguem driblar
a censura chinesa para acessar páginas proibidas, mediante o uso de conexões privadas
ou de provedores da Internet no exterior. (AF)