2010-05-21 17:57:07

IGREJA VÊ COM CAUTELA CRIAÇÃO DA PRIMEIRA CÉLULA POR MÃOS HUMANAS


Cidade do Vaticano, 21 mai (RV) – O Vaticano reagiu hoje, com cautela, ao anúncio feito nesta quinta-feira, nos Estados Unidos, sobre a produção de uma célula artificial. O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, disse ser "necessário saber mais" sobre o tema para poder tecer algum comentário.



Da mesma forma, o presidente emérito da Pontifícia Academia para as Ciências, Dom Elio Sgreccia, também usou a palavra "cautela" para comentar o assunto.



Uma equipe de geneticistas norte-americanos, chefiada por Craig Venter, anunciou ontem, a produção, pela primeira vez, de uma célula controlada por DNA elaborado pelo ser humano, um passo que deixa a ciência mais próxima de criar vida artificial.



Craig Venter, o cientista que já fora corresponsável, em 2000, pela primeira sequenciação do genoma humano, anunciou que sua equipe conseguiu criar a primeira célula viva com um genoma sintético.



"Este cromossoma – o elemento portador da informação genética – foi produzido a partir de quatro frascos de substâncias químicas e um sintetizador; e tudo começou com informações informáticas" – disse Venter, assinalando que a descoberta poderá ajudar a compreender os mecanismos da vida e a produção de vacinas.



Membros da hierarquia católica italiana manifestaram a própria perplexidade e inquietação diante do anúncio, que abre caminho à fabricação de organismos artificiais. "Nas mãos erradas, trata-se de uma descoberta que amanhã poderá levar a um salto para um desconhecido devastador" – considerou o presidente da Comissão para os Assuntos Jurídicos, da Conferência Episcopal Italiana, Dom Domenico Mogavero, em declarações ao jornal "La Stampa".



Do ponto de vista ético, Dom Domenico Mogavero adverte que "é a natureza humana que concede a sua dignidade ao genoma humano, e não o contrário. O pesadelo a combater é a manipulação da vida, ou seja, a eugenia".



Por sua vez, o arcebispo de Chieti-Vasto, Dom Bruno Forte, afirmou que "a preocupação pode ser resumida na seguinte questão: "Será que tudo o que é cientificamente possível é igualmente correto, do ponto de vista ético?""



Sustentando que a Igreja olha para pesquisas do gênero "não com preconceito, mas sim com atenção e simpatia" e que ele próprio "admira as capacidades da inteligência humana manifestadas de forma singular e elevada", Dom Bruno Forte defende, através das páginas do jornal "Corriere della Sera" que a resposta àquela questão "reside num parâmetro que nos une a todos, não apenas os cristãos: a dignidade do ser humano".



Ao anunciar o feito científico, o cientista Craig Venter sublinhou que a criação da primeira célula artificial mudou seu ponto de vista de definição da vida e de seu funcionamento". (AF)








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