PORTUGAL: A MENSAGEM DEIXADA PELO PAPA E SUAS PERSPECTIVAS
Lisboa, 20 mai (RV) - O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa
divulgou ontem a sua Mensagem pela Visita Apostólica de Sua Santidade Bento XVI a
Portugal, realizada entre os dias 11 e 14 de maio. Leia abaixo o documento dos bispos
portugueses enviado à RV:
Júbilo e responsabilidade
Envolvidos pelo
júbilo autenticamente pascal que constituiu a visita de Sua Santidade Bento XVI a
Portugal, manifestamos gratidão ao povo português por ter correspondido de modo notável
à mobilização para conhecer de perto o Sucessor de Pedro, celebrar com ele os mistérios
da fé, escutar a sua mensagem de esperança. Às entidades públicas que souberam cumprir
de modo exemplar o seu serviço para o bem da grande maioria dos cidadãos e honrar
o bom nome do país, a nossa gratidão. Aos meios de comunicação social agradecemos
a solicitude de bem servir e o respeito pela especificidade dos acontecimentos.
Uma corrente de profunda e simples humanidade percorreu distâncias e aproximou
tantas pessoas, irmanadas na busca de sabedoria e na procura de serenidade para as
enormes apreensões do futuro. Vivemos todos a bênção do Espírito Santo que nos aqueceu
o coração e inspirou a mente.
A experiência de irradiante afeto que espontaneamente
se criou, sem visar atingir ninguém, sem pretender competir com outros, distingue-se
como momento festivo, porque apenas voltado para louvar a Deus, comungar com os irmãos,
nunca esquecendo os mais gravemente atingidos pela situação econômica que atravessamos.
A beleza da santidade atraiu corações disponíveis, como os das crianças e dos
jovens. Os gestos de aproximação significaram a necessidade de a Igreja ir ao encontro
das pessoas como elas vivem e são. A densidade encantadora e participada nas celebrações
corresponsabilizou as comunidades cristãs para uma renovação da qualidade de ofertas
rituais, em ordem a assumirem, com fervor espiritual, os espaços da festa cristã.
Verdadeiro ato pascal, esta visita do Santo Padre Bento XVI deixou-nos mensagens
e orientações. Queremos filialmente agradecer a riqueza dos seus gestos e palavras
e dar-lhes sequência nos nossos projetos pastorais. As interpelações lançadas aos
vários setores da vida pastoral merecem cuidadosa atenção e serão acolhidas no modo
de repensar e estruturar a Igreja, no incentivo inovador da caridade, na valorização
missionária e nas propostas de uma cultura credível e convincente.
Na Assembleia
Plenária extraordinária de junho, divulgaremos algumas linhas orientadoras, como itinerário
sinodal proposto para repensar a pastoral em termos de uma unidade nacional, sem prejudicar
as particularidades de cada diocese. Integrando estas sugestões no projeto já em curso,
continuaremos durante o próximo ano a revisão da ação pastoral da Igreja em Portugal,
ouvindo os conselhos diocesanos, que incluem representantes de todo o Povo de Deus.
Deste trabalho conjunto surgirá, até finais de 2011, um Programa Pastoral como resposta
aos novos desafios característicos da mudança civilizacional que estamos a viver.
Prossigamos o caminho conscientes da vigilante e materna companhia de Nossa Senhora,
e firmes na esperança, porque nos guia o Mestre e Pastor Jesus Cristo, que estes dias
sentimos vivo entre nós na fidelidade evangélica do Papa Bento XVI.
Lisboa,
19 de maio de 2010
Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CM)