O inimigo a combater é o pecado, que contagia mesmo os membros da Igreja: Bento XVI
ao meio-dia, na Praça de São Pedro, apinhada de fiéis que lhe manifestavam solidariedade.
Papa recomenda radicalidade e coerência e evoca a "intensa peregrinação" a Portugal
e a multidão em Fátima
Uma multidão de mais de 150 mil católicos de toda a Itália se congregou domingo de
manhã, na Praça de São Pedro, convocados pelas associações laicais católicas numa
“manifestação de fé e de solidariedade” ao Papa. Às 11 horas, teve lugar uma celebração
da Palavra, em que se recordou uma ampla passagem da homilia do Santo Padre, há cinco
anos, no início do ministério petrino, quando pediu a todos orações “para que aprenda
cada vez mais a amar o Senhor” e “a amar cada vez mais a Santa Igreja… cada um singularmente
e todos conjuntamente”. Depois da oração mariana, manifestando a todos os presentes
“o mais vivo reconhecimento”, afirmou o Papa:
“Caros amigos, vós mostrais
hoje o grande afecto e a profunda proximidade da Igreja e do povo italiano ao Papa
e aos vossos sacerdotes, que quotidianamente cuidam de vós, para que, no empenho de
renovamento espiritual e moral possamos servir cada vez melhor a Igreja, o Povo de
Deus e todos os que a nós se dirigem confiadamente”. “O verdadeiro inimigo a temer
e a combater – recordou Bento XVI - é o pecado, o mal espiritual, que por vezes, infelizmente,
contagia também os membros da Igreja”. “Vivemos no mundo, mas não somos do mundo.
Nós cristãos não devemos ter medo do mundo, embora devamos precaver-nos contra as
suas seduções. Devemos pelo contrário temer o pecado e para tal mantermo-nos fortemente
radicados em Deus, solidários no bem, no amor, no serviço”.
E é precisamente
isto o que os ministros da Igreja, juntamente com os fiéis, têm feito e continuam
a fazer. O Santo Padre concluiu pois esta saudação aos presentes que lhe manifestavam
solidariedade encorajando todos a “prosseguir conjuntamente este caminho”. “Que as
provações, que o Senhor permite, nos levem a uma maior radicalidade e coerência.
“É
belo ver hoje esta multidão na Praça como foi emocionante para mim ver em Fátima a
imensa multidão que, na escola de Maria, rezou pela conversão dos corações. Renovo
hoje este apelo, confortado com a vossa presença, tão numerosa! Obrigado!”
Já
anteriormente, na alocução inicial, que precedeu a recitação mariana, Bento XVI se
referira à viagem a Portugal, agradecendo a protecção materna de Maria nessa “intensa
peregrinação”: “Agradeço à Virgem Maria, que nos dias passados tive ocasião de venerar
no Santuário de Fátima, pela sua materna protecção durante a intensa peregrinação
realizada a Portugal”.
Nesta alocução antes do canto do Regina Coeli, Bento
XVI referiu a celebração, neste domingo, na Itália como noutros países, da Ascensão
de Jesus. “O Senhor atrai em direcção ao céu o olhar dos Apóstolos para lhes indicar
como percorrer o caminho do bem durante a vida terrena. Contudo, Ele permanece na
trama da história humana, está próximo de cada um de nós e guia o nosso caminho cristão:
é companheiro dos perseguidos por causa da fé, está no coração de todos os que são
marginalizados, está presente naqueles a quem é negado o direito à vida. Podemos escutar,
ver e tocar o Senhor Jesus na Igreja, especialmente mediante a palavra e os gestos
sacramentais dos seus Pastores”.
Bento XVI encorajou os jovens e adolescentes
que neste tempo pascal recebem o sacramento do Crisma a permanecerem fiéis à Palavra
de Deus e à doutrina recebida… conscientes de terem sido escolhidos e constituídos
para testemunharem a Verdade. Aos “irmãos no Sacerdócio”, o Papa deixou o convite
a que “na sua vida e acção se distingam por um forte testemunho evangélico e saibam
utilizar com sapiência também os meios de comunicação, para darem a conhecer a vida
da Igreja e ajudar os homens de hoje e descobrirem o rosto de Cristo”.