PE. LOMBARDI: "UMA VIAGEM MARAVILHOSA, QUE MOSTRA A GRANDE VITALIDADE DA IGREJA"
Cidade do Vaticano, 15 mai (RV) - O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé,
Pe. Federico Lombardi, de retorno de Portugal, tendo acompanhado a 15ª Viagem Apostólica
Internacional de Bento XVI, fez um balanço da mesma para a Rádio Vaticano:
Pe.
Federico Lombardi:- "Podemos dizer que foi uma viagem na qual tudo transcorreu
da melhor forma possível, foi uma viagem maravilhosa. Houve um grande acolhimento,
caloroso, para além das expectativas dos organizadores. O Papa ficou muito impressionado,
muito contente e confortado. O Santo Padre pôde dar as grandes mensagens que de certo
modo lhe haviam sido solicitadas e que eram esperadas pela Igreja portuguesa. Os bispos
portugueses me confirmaram que a presença do mundo da cultura no encontro em Lisboa
foi total. Portanto, foi um encontro de grande significado, diria, de significado
histórico, e que expressa a vontade da Igreja de dialogar de modo construtivo com
todos aqueles que atuam, que se empenham no mundo do pensamento, da pesquisa, da arte
e da criatividade. São coisas que certamente ficarão por muito tempo para a Igreja
portuguesa. Sobretudo com o momento de Fátima, o olhar se estendeu à Europa e ao mundo,
porque Fátima é um lugar que realmente assumiu um significado para toda a Igreja presente
no mundo inteiro, como momento de encontro e – de certo modo – de comunicação entre
o céu e a terra."
P. O Papa foi a Fátima para dizer que o amor de Jesus
e por Jesus é a coisa mais importante: tudo parte daí, e a Igreja anuncia e propõe
– não impõe – esse amor, em diálogo com o mundo...
Pe. Federico Lombardi:-
"Certamente o Papa volta sempre aos pontos essenciais, aos fundamentos da missão da
Igreja. O Santo Padre se fez peregrino com esse povo que responde a um chamado feito
através de Maria e que leva naturalmente ao centro da nossa fé: ao amor do Filho de
Deus, ao acolhimento da Revelação; nesta nossa história concreta."
P. Uma
das frases do papa que mais impressionaram foi certamente a de que quem pensa que
a profecia de Fátima tenha se concluído, se ilude. O que Bento XVI queria dizer?
Pe.
Federico Lombardi:- "O Papa quis dizer uma coisa muito simples: que não devemos
mais esperar de Fátima profecias no sentido de anúncio de eventos concretos concernentes
aos próximos anos ou ao próximo século. Isso não está em questão. A profecia de Fátima,
na perspectiva do Papa, que, aliás, deve ser a nossa perspectiva, significa ter aprendido
a ler os eventos da nossa história à luz da fé, ou seja, sob o olhar de Deus, que
segue a Igreja e a humanidade a caminho, opera a sua graça para acompanhar aqueles
que se dirigem a Ele e nos convida a nos comprometermos nesta história a partir da
conversão de nós mesmos para agirmos segundo os critérios do Evangelho. Essa é uma
mensagem profética que continua sendo de grande atualidade e o será no futuro."
P.
Falando ainda sobre o segredo de Fátima, o Pontífice disse que a grande perseguição
contra a Igreja não vem de inimigos externos, mas do pecado dentro dela mesma...
Pe.
Federico Lombardi:- "O Papa deu a entender que os sofrimentos, as dificuldades
que a Igreja encontra – e se refere exatamente aos abusos sexuais – são algo que a
Igreja traz em si: traz em si, infelizmente, também a realidade do pecado. E é justamente
por isso que a mensagem de Fátima é extremamente atual e importante, porque nos fala
de conversão, de penitência, para renovar-nos de tal modo que o nosso testemunho seja
coerente."
P. Também nesta ocasião da viagem a Portugal o Papa sentiu o
grande afeto das pessoas...
Pe. Federico Lombardi:- "Sim, realmente
sentiu esse afeto de um modo excepcional. E não é a primeira vez. Também na viagem
a Malta, bem como na viagem a Turim, mas em particular esta viagem mais ampla, mais
prolongada, possibilitou grandes massas, permitiu a presença a um grande número de
pessoas. Sabemos que no coração havia um número ainda maior de participação, porque
muitos não puderam ir fisicamente encontrar o Papa, porém, acompanharam-no e lhe querem
muito bem. De qualquer forma, a grande presença é um sinal eficaz de afeto. Certamente,
o Papa gostou e diria que é um fato que demonstrou também a vitalidade da Igreja,
a vitalidade da fé simples, mas viva da Igreja portuguesa, e é, portanto, um grande
sinal de esperança para a Igreja que caminha." (RL)