Encontro com os membros das organizações da pastoral social (A.P.)
Uma visita em crescendo e discursos substanciais: é assim que se está a caracterizar
esta viagem apostólica de Bento XVI a Portugal Um destes discursos foi proferido
esta tarde na Igreja da Santíssima Trindade aqui em Fátima onde decorreu o encontro
com os membros das organizações da pastoral social
O Bispo Auxiliar de Lisboa
e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social, D. Carlos Azevedo, que é também
o Coordenador-geral da Organização da Visita de Bento XVI, abriu o encontro com uma
saudação ao Papa, Pediu a Bento XVI que pronuncie uma “palavra profética” para responder
ao “domínio de gente sem uma rota espiritual”. O prelado disse que o país vive uma
“hora carregada de apreensões”, marcada pela “pobreza inumana” e pelo “desemprego
crescente”. O bispo auxiliar de Lisboa sublinhou que gostaria de ouvir de Bento XVI
um estímulo que expulse o “fatalismo que acomoda” e que incentive “uma compaixão que
dignifica”, uma ternura que cuida”, “uma escuta que valoriza” e “uma esperança que
acompanha”.
D. Carlos Azevedo recordou que a sessão, realizada na igreja da
Santíssima Trindade, contou com a participação de pessoas “movidas por diversas fontes
espirituais”, que estão ao serviço “dos feridos, doentes, presos, migrantes e abandonados”
e “lutam pela defesa dos direitos humanos, pela paz” e “pela salvaguarda da criação”.
Para
o responsável máximo da Pastoral Social, a acção de muitos dos presentes na assembleia
deve-se ao facto de terem consciência das implicações do seu baptismo e da dimensão
do serviço que faz parte da Igreja Católica.
Bento XVI apelou ao reforço da
“identidade” católica das identidades sociais da Igreja, deixando apelos a uma “maior
autonomia e independência da política e das ideologias”. Admitiu que “a pressão exercida
pela cultura dominante, que apresenta com insistência um estilo de vida fundado sobre
a lei do mais forte, sobre o lucro fácil” torna difícil esta missão. Neste contexto,
os projectos católicos podem acabar por ficar sem a “motivação da fé e da esperança
cristã que os tinha suscitado”. Bento XVI pediu que as organizações católicas desenvolvam
o seu trabalho “em cooperação com organismos do Estado, para atingir fins comuns”.
Após
a homilia, Bento XVI fez a bênção da primeira pedra da «Unidade de Cuidados Continuados
Bento XVI» que a União das Misericórdias Portuguesas irá construir em Fátima junto
do Centro de Deficientes Profundos João Paulo II, cuja primeira pedra foi benzida
pelo anterior Papa.
Antes de saída da Igreja da Santíssima Trindade, Bento
XVI cumprimentou 15 figuras ligadas às organizações da Pastoral Social.
A ministra
da Saúde, Ana Jorge, o Presidente da Cáritas, Eugénio da Fonseca, o Presidente da
Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade Pe. Lino Maia, e o Presidente
da União das Misericórdias, Manuel Lemos.
No fim da tarde desta quinta feira
Bento XVI encontra-se com o episcopado de Portugal. O encontro decorre no Salão da
Casa Nossa Senhora do Carmo.
A atenção de Bento XVI à Igreja Católica em Portugal
ganhou particular relevância após o discurso que o Papa dirigiu aos Bispos de Portugal
na visita ad limina, em Novembro de 2007.
Entre os desafios que colocava ao
episcopado, Bento XVI referia a necessidade de “mudar o estilo de organização da comunidade
eclesial portuguesa e a mentalidade dos seus membros para se ter uma Igreja ao ritmo
do Concílio Vaticano II”.