2010-05-12 11:50:02

PAPA CITA CAMÕES: É HORA DE MOSTRAR AO MUNDO "NOVOS MUNDOS"


Lisboa, 12 mai (RV) - No segundo dia de estada em Portugal, Bento XVI se encontrou esta manhã com o mundo da cultura, no Centro Cultural de Belém, em Lisboa.

Após ouvir uma breve execução musical e as saudações do Presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Dom Manuel Clemente, Bispo do Porto, e do cineasta Manoel de Oliveira, o Papa tomou a palavra e fez uma análise do papel da cultura hoje na sociedade em geral, e na sociedade portuguesa em especial.

Para o pontífice, hoje a cultura reflete uma tensão, um conflito, entre o presente e a tradição, pois a sociedade tende a absolutizar o presente, isolando-o do patrimônio cultural do passado e sem a intenção de delinear um futuro.

No caso de Portugal, a valorização do presente se confronta com a forte tradição cultural do Povo Português, muito marcada pela milenária influência do Cristianismo, que na aventura dos descobrimentos partilhou o dom da fé com outros povos. Este conflito entre a tradição e o presente exprime-se na crise da verdade, pois só esta pode orientar e traçar o rumo de uma existência realizada, como indivíduo e como povo.

"De fato, um povo, que deixa de saber qual é a sua verdade, fica perdido nos labirintos do tempo e da história, sem valores claramente definidos, sem objetivos grandiosos claramente enunciados."

Proclamar a verdade é, portanto, a missão da Igreja em todo o tempo e contingência, a favor de uma sociedade à medida do ser humano, da sua dignidade, da sua vocação. "Para a Igreja, esta missão ao serviço da verdade é irrenunciável" – frisou Bento XVI.

E numa sociedade composta na sua maioria por católicos, como é o caso da sociedade portuguesa, é dramático tentar encontrar a verdade sem ser em Jesus Cristo. "Para nós, cristãos, a Verdade é divina; é o 'Logos' eterno, que ganhou expressão humana em Jesus Cristo, que pôde afirmar com objetividade: 'Eu sou a verdade' (Jo 14, 6)."

Ao anunciar esta verdade, é inevitável o diálogo com o mundo em que se vive. "De fato, o diálogo sem ambiguidades e respeitoso das partes nele envolvidas é hoje uma prioridade no mundo, à qual a Igreja não se subtrai. (…) Constatada a diversidade cultural, é preciso fazer com que as pessoas não só aceitem a existência da cultura do outro, mas aspirem também a receber um enriquecimento da mesma e a dar-lhe aquilo que se possui de bem, de verdade e de beleza."

Citando o Poeta nacional, Luís de Camões, o Papa afirma que esta é a hora de mostrar ao mundo "novos mundos", e os representantes da cultura têm a possibilidade de falar ao coração da humanidade, de tocar a sensibilidade individual e coletiva, de suscitar sonhos e esperanças, de ampliar os horizontes do conhecimento e do empenho humano.

Bento XVI então concluiu: "Caros amigos, a Igreja sente como sua missão prioritária, na cultura atual, manter desperta a busca da verdade e, consequentemente, de Deus; levar as pessoas a olharem para além das coisas penúltimas e porem-se à procura das últimas. Convido-vos a aprofundar o conhecimento de Deus tal como Ele Se revelou em Jesus Cristo para a nossa total realização. Fazei coisas belas, mas sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza. Interceda por vós Santa Maria de Belém, venerada há séculos pelos navegadores do oceano e hoje pelos navegantes do Bem, da Verdade e da Beleza". (BF)







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