2010-05-12 08:42:42

O grande abraço da cidade de Lisboa ao Papa (terça-feira, 11)


O grande abraço da cidade de Lisboa ao Papa foi dado esta tarde , com a celebração da Santa Missa no Terreiro do Paço. No Cais das Colunas foi instalado o altar, uma estrutura oval, cuja forma se baseou nos seixos rolados do Tejo, em tons de branco e azul e que após a visita papal será completamente reutilizado.

No trajecto da Nunciatura apostólica para o Terreiro do Paço, Bento XVI passou pela Praça do Município onde saudou as pessoas doentes e com dificuldades de locomoção que aí estavam concentradas ( cerca de 1.500). Ainda no exterior, recebeu os cumprimentos do presidente da Câmara Municipal de Lisboa, António Costa, que lhe entregou as chaves da cidade, distinção aprovada por unanimidade pela edilidade. Até agora apenas atribuída ao presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, ao atleta Carlos Lopes e ao escritor José Saramago, a Chave de Honra da Cidade é um galardão municipal destinado a distinguir personalidades, instituições ou organizações portuguesas ou estrangeiras.

Uma onda de aplauso assinalou o momento em que a delegação do Benfica entregou ao Papa a sua oferta (uma águia de ouro e uma camisola Bento 16 assinada pelos jogadores). Domingo passado o Benfica sagrou-se campeão nacional desta temporada.



A Missa presidida por Bento XVI contou com a presença de cerca de 150 mil pessoas. A acompanhar as duzentas vozes de vários coros de Lisboa e também de vários convidados de grupos da Gulbenkian e da Orquestra Metropolitana de Lisboa esteve um grupo de cordas e metais que deram vida à Palavra cantada.

Os paramentos de cor branca – em tom de pérola foram confeccionados pelo Centro Social Paroquial de Sacavém. As vestes usadas na missa desta tarde no Terreiro do Paço vão ficar no Patriarcado de Lisboa, à excepção das mitras e das casulas, que serão oferecidas respectivamente aos bispos e padres.

Da Madeira vieram as dez mil flores que compunham o tapete que cobria o chão que Bento XVI atravessou no Terreiro do Paço . "Neste momento tão difícil para a Madeira depois da terrível inundação do Inverno passado, esta foi uma forma de os madeirenses agradecerem ao Continente, ao mundo e à Igreja, o apoio à reconstrução da ilha".



Na saudação de boas-vindas que dirigiu a Bento XVI, no início da missa o Cardeal Patriarca de Lisboa afirmou que “a maioria católica não tira o lugar a ninguém”, sublinhando que a cidade se distingue pela hospitalidade aos imigrantes não cristãos. Interrompido por aplausos nesta passagem, D. José Policarpo acrescentou: “Também os acolhemos com amor, aprendemos a respeitar a sua fé, a conviver no diálogo e a descobrir valores que temos em comum”.

“Estamos reunidos num dos locais mais belos da nossa cidade, em que esta se debruça sobre o rio que a atrai para o oceano infinito. Os habitantes de Lisboa nascem e morrem envolvidos por esta beleza e atraídos pelo infinito”, referiu o Cardeal Patriarca. Depois de recordar que o povo português “sempre teve um grande amor ao Papa, manifestado mesmo nas épocas mais conturbadas da nossa História”, D. José Policarpo sublinhou que a presença de Bento XVI “é um convite a aprofundar e a tornar mais radical” a fidelidade da Igreja.

Após a saudação, o Papa recebeu das mãos de D. José Policarpo uma relíquia de São Vicente, padroeiro principal de Lisboa, oferta que nas palavras do prelado significa o desejo da diocese de “servir” e a sua “determinação” de ser fiel, “custe o que custar”, à imagem da vida do patrono que morreu a testemunhar a fé cristã.

D. José Policarpo afirmou que a presença de Bento XVI é uma “graça muito especial” e agradeceu-lhe a possibilidade de proferir palavras que ajudam “a abrir a inteligência e o coração à profundidade e à beleza do mistério”. Nesta ocasião o Papa ofereceu um cálice, como recordação desta sua Viagem Apostólica.



Na homilia Bento XVI admitiu que a Igreja tem “filhos insubmissos e até rebeldes”, mas assegurou que “nenhuma força adversa poderá jamais destruir a Igreja”. “A nossa fé tem fundamento, mas é preciso que esta fé se torne vida em cada um de nós”, disse o Papa. O Papa admitiu que se colocou “uma confiança talvez excessiva nas estruturas e programas eclesiais, na distribuição de poderes e funções”. “É preciso voltar a anunciar com vigor e alegria o acontecimento da morte e ressurreição de Cristo, coração do cristianismo, fulcro e sustentáculo da nossa fé, alavanca poderosa das nossas certezas”, disse aos fiéis presentes.



E para concluir uma referencia á visita do Papa ao Presidente da Republica no Palácio Presidência de Belém, efectuada esta tarde pouco depois da chegada a Lisboa. Bento XVI deixou uma mensagem no Livro de Honra felicitando o país no centenário da República e deixando a sua bênção ao país inteiro, “rico em humanidade e cristianismo”. O Papa escreveu a mensagem na Sala das Bicas.

Antes, Bento XVI tinha estado com o Presidente da República e mulher, tendo sido feita a fotografia oficial. Uma outra fotografia foi tirada com a família de Cavaco Silva, com o Presidente da República a apresentar ao Papa os seus filhos, genro, nora e netos. Na Sala Dourada Cavaco Silva apresentou os membros da Casa Civil e Militar, tendo o Papa sublinhado a importância do seu trabalho como contributo para “uma sociedade mais justa e um futuro melhor para todos”. Na Sala Verde, Bento XVI apresentou o séquito papal, tendo o Papa e Cavaco Silva passado depois à Sala dos Embaixadores, onde decorreu a troca de presentes. O Papa ofereceu a Cavaco Silva um mosaico com uma imagem da Praça de São Pedro, inspirada num quadro do século XIX. Por sua vez, o Presidente da República ofereceu uma imagem de Santo António em porcelana e uma edição em português e em latim dos sermões do padroeiro de Lisboa.



De Portugal, para a Rádio Vaticano, António Pinheiro (11.5.10)








All the contents on this site are copyrighted ©.