Brasília, 12 mai (RV) - O Bispo de Balsas (MA), Dom Enemésio Ângelo Lazaris,
afirmou na tarde de ontem que a "política agrária não favorece os pequenos, que correm
grande risco de perder para os monopólios".
Na coletiva de imprensa em Brasília,
Dom Enemésio disse que falta respeito e políticas para o homem do campo, para que
ele possa viver dignamente em seu território. Um dos problemas que vem ocorrendo na
atualidade, segundo o bispo, é a retirada do homem do campo para a construção de grandes
projetos governamentais.
"É preciso mais respeito com a vida humana. Atualmente
estamos vendo uma série de projetos que, na visão de seus autores, devem acontecer
de qualquer jeito e com isso as pessoas são obrigadas a sair de suas terras. Não se
respeita a fraternidade do homem com a terra. A questão da territorialidade implica
uma ligação afetiva com a terra, o meio ambiente" – defendeu.
O Bispo disse
que as políticas de apoio aos pequenos proprietários de terra eliminariam as possibilidades
de conflitos de terras e de outros problemas no campo como o trabalhos análogo à situação
de escravidão: "Se houvesse uma política agrária que realmente favorecesse os pequenos,
não teríamos tantas invasões, tantas ocupações e situações de trabalho escravo, pelo
contrário, teríamos atenção aos pequenos, agricultura familiar e produtos agroecológicos".
Dom
Enemésio apontou também a política agrária brasileira como a grande vilã das mortes
no campo: "É toda a questão da política agrária equivocada que gera a problemática
das mortes no campo. Isso é incentivado pelo governo. O agronegócio progride, vai
adiante, e concentra sempre mais a propriedade. A terra no Brasil está sempre mais
em mãos de pouca gente. Mais pessoas têm menos e um grupo menor enriquece mais".
O
Bispo de Balsas chamou de "nocivos" e "equivocados" os projetos do Governo que impedem
as condições mínimas de sobrevivência através da terra: "Hoje se pensa um projeto
equivocado que tem de crescer a qualquer preço. Está aí o exemplo do PAC (Programa
de Aceleração do Crescimento), que tem que funcionar de qualquer maneira e de qualquer
modo. Esse equívoco é nocivo e impede que uma grande parte de brasileiros tenha condições
mínimas de vida digna e seja possibilitado de participar da construção da própria
nação". (BF-CNBB)