TRABALHO INFANTIL SE ALASTRA NA ÁFRICA EM VIRTUDE DA POBREZA
Luanda, 10 mai (RV) - 215 milhões de crianças, em todo o mundo, transcorrem
sua infância trabalhando. Destas, quase metade corre riscos de se ferir gravemente
ou mesmo de morrer no desempenho de tarefas perigosas.
A informação está contida
num relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT), fazendo uma autocrítica
e exigindo medidas mais enérgicas para que "as formas mais graves de trabalho infantil
sejam eliminadas" até 2016.
É na região da Ásia-Pacífico onde mais crianças
trabalham: 113,6 milhões. No entanto, na América Latina e no Caribe, a tendência tem
sido a de um decréscimo na exploração da mão-de-obra infantil. O mesmo não ocorre
na África localizada a sul do Saara, onde se registrou um aumento o fenômeno, tantos
em números relativos quanto em números e absolutos.
Na região equatorial do
continente africano, uma a cada quatro crianças trabalha. No Mali, por exemplo, metade
das crianças estão sujeitas a tarefas "profissionais".
É nas atividades agrícolas
que predomina o recurso ao trabalho infantil, confirma o relatório da OIT. Essa realidade
corresponde a 60% dos casos detectados em todo o mundo. A maior parte dessas crianças
trabalha para a família, devido à situação de pobreza em que esta vive.
"Temos
de ir ao encontro das formas escondidas do trabalho infantil" – alerta a OIT, confirmando
que muitas dessas situações "estão enraizadas na pobreza".
Apenas uma a cada
cinco crianças que trabalham, é paga pelo que faz, no caso da agricultura. Os serviços
também exploram essa mão-de-obra em 25,6% dos casos. Segue-se a indústria (7%).
Segundo
o relatório, a crise econômica mundial está contribuindo para que o trabalho infantil
não decresça em ritmo mais acelerado, sobretudo, nas formas mais pesadas.
Todavia,
de acordo com o diretor-geral da OIT, "a desaceleração econômica não pode ser uma
desculpa". Muitas das crianças visadas no relatório trabalham à noite, em condições
insalubres, expostas a produtos químicos, em alturas perigosas, debaixo de terra ou
da água e sujeitas a maus-tratos. (AF)