Cidade do Vaticano, 10 mai (RV) - O diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé,
Pe. Federico Lombardi, disse que o papa Bento XVI "não mendiga e não organiza manifestações
de defesa e apoio", com o objetivo de evidenciar sua "serenidade espiritual na fé
e sua autoridade" frente à atual crise vivida pela Igreja.
Numa entrevista
publicada nesta segunda-feira pelo diário italiano "Corriere della Sera", Pe. Lombardi
comenta um artigo do historiador Alberto Melloni, divulgado ontem, sobre a controvérsia
entre o arcebispo de Viena, Christoph Schönborn, e o ex-secretário de Estado do Vaticano
Angelo Sodano.
No sábado, num encontro informal com a imprensa, o prelado
austríaco teria assinalado que palavras ditas pelo Cardeal Sodano, na última Páscoa,
seriam uma "ofensa às vítimas" da pedofilia.
Na celebração, realizada no
dia 4 de abril passado, o decano dos cardeais disse que "o povo de Deus está ao lado"
do pontífice e "não se deixa abalar por certas "especulações", nem por provocações
que por vezes atingem a comunidade dos fiéis".
Pe. Lombardi afirmou não partilhar
a análise de Melloni sobre o suposto "confronto entre os dois cardeais", e denunciou
como "totalmente falsa" a afirmação segundo a qual Schönborn estaria a par de que
Bento XVI solicitara que Sodano fizesse "por ocasião da Páscoa, uma saudação, proferida
na Praça São Pedro".
"Bento XVI não pediu absolutamente nada. A mensagem do
Cardeal Sodano foi uma iniciativa do Colégio Cardinalício – pelo menos os membros
presentes em Roma – representado por seu decano" – explicou Pe. Lombardi, que é também
diretor-geral da Rádio Vaticano.
"O papa foi informado disso pouco tempo antes"
e "acolheu a saudação com gratidão e simplicidade, por aquilo que pretendia ser: uma
mensagem de proximidade, afeto e solidariedade" – acrescentou o diretor da Sala de
Imprensa da Santa Sé.
Diante de um posicionamento sobre o pontífice que "altera
seriamente sua imagem, considero meu dever esclarecer que Bento XVI, mesmo em tempos
difíceis, não mendiga e não organiza manifestações de defesa e apoio" - completou
Pe. Lombardi.
"Eu acrescentaria que, se há uma pessoa de meu conhecimento que
vive os acontecimentos atuais da Igreja com a consciência de seus significados, sem
preocupações de perda de poder, mas em espírito evangélico de purificação, de penitência
e renovação profunda, é o próprio Bento XVI" - assegurou o diretor-geral da Rádio
Vaticano. (AF)