IGREJA SALVADORENHA CRITICA PROTOCOLO CONTRA DISCRIMINAÇÃO DAS MULHERES
San Salvador, 10 mai (RV) – Os bispos salvadorenhos pediram ao Governo que
não ratifique o protocolo da Convenção para a eliminação de todas as formas de discriminação
contra a mulher, assinalando que certas propostas da comissão que cuida de sua aplicação
"subestimam princípios" que "são a base da família e da sociedade".
O arcebispo
de San Salvador, Dom José Luis Escobar Alas, disse neste último domingo, numa entrevista
coletiva, que no dia 6 do corrente foram enviadas cartas ao Presidente Maurício Funes
e à sua esposa, Vanda Pignato, além de cada um dos 84 deputados da Assembleia Legislativa,
sobre essa convenção da Onu.
"Certamente, estamos de acordo e interessados
a que desapareça do mundo toda e qualquer forma de discriminação contra a mulher.
Todavia – argumentou Dom Escobar Alas – a ratificação do protocolo poderia trazer
como consequência gravíssima atentados contra a existência e dignidade da própria
mulher."
Nas cartas enviadas – explicou o prelado – "novamente reiteramos nossa
preocupação e nossa solicitação para que tal protocolo facultativo não seja ratificado
pela Assembleia".
A Conferência Episcopal de El Salvador enviou cartas similares,
em setembro de 2001 e julho de 2003. A Igreja salvadorenha afirma que ratificar o
protocolo da Convenção para a eliminação de todas as formas de discriminação contra
a mulher (CEDAW, em sua sigla em inglês), aprovado pela Assembleia Geral da Onu em
1999, "implica reconhecer competências a um organismo supranacional", referindo-se
à comissão que verifica a aplicação dessa mesma convenção.
Dom Escobar Alas
disse que essa comissão "interveio" em outras nações, com "com uma linha ideológico
distorcida, e com propostas que desconsideram os princípios básicos que são o fundamento
da família e da sociedade".
Ele explicou que a convenção "considera a maternidade
como um estereótipo a ser erradicado, e recomenda que se deixe, portanto, de festejar
o Dia das Mães".
Além disso, na questão relativa aos direitos reprodutivos,
a convenção "apóia a legislação sobre o aborto e chama a atenção dos países que penalizam
a interrupção da gestação, recomendando ainda a reavaliação do lesbianismo" – ilustra
o arcebispo de San Salvador. (AF)